Singularidades ordinárias de animais extraordinários: diabo da Tasmânia

Por ter um temperamento raivoso (o que não quer dizer que seja mal), o Taz é um dos personagens de desenho animado mais marcantes no show businnes. Contudo, o que pouca gente sabe é que este "querido animal" guarda os mesmos traços do diabo da Tasmânia no mundo real.

O continente australiano sempre foi um lugar que despertou a curiosidade do restante do mundo: Pela geografia do terreno, pela cultura aborígene e, principalmente, pela fauna exótica. Como exemplo desta biodiversidade animal singular temos o canguru, o ornitorrinco, o coala, etc.

No século 19, quando os colonizadores chegaram ao continente australiano, ao se fixarem em uma ilha localizada ao sul, ouviam durante a noite muitos gritos que, segundo eles, pareciam vir "do inferno", de tão agonizante e macabro que eram. Essa ilha é a ilha da Tasmânia. Mal sabiam os colonizadores que tal "grito", na verdade, era o rosnado de um diabo da tasmânia, que estava marcando seu território.

Este animal singular é um mamífero marsupial de aparência robusta, com pelagem castanha, do peitoral onde tem uma mancha branca. A cabeça é relativamente grande, com orelhas arredondadas e nariz afilado. Os músculos das mandíbulas são bastante poderosos e, juntamente com os dentes molares especialmente adaptados, permitem ao diabo esmagar ossos. O tamanho destes animais varia bastante consoante o habitat e dieta, mas os maiores atingem 80 cm de comprimento e 12 kg de peso. As fêmeas são normalmente maiores que os machos.

Os diabos da Tasmânia são muito territorialistas, um dos principais motivos de sua agressividade. Demarcam seu território com seus rosnados ensurdecedores, que muito se assemelham a "gritos humanos". Também, um outro fator determinante neste animal são os altos índices de testosterona encontrados tanto nos machos quanto nas fêmeas e até mesmo em filhotes.

Seu apetite é bastante voraz. Uma matilha de diabos da Tasmânia(que possui em média 6 à 10 indivíduos) consegue devorar um cavalo em poucas horas. O mais impressionante é que não sobram sequer os ossos, após um banquete.

Uma curiosidade marcante nos diabos da Tasmânia é que, tanto em disputas territoriais quanto em duelos de acasalamento, além de rosnarem e mostrarem os dentes uns para os outros, esses marsupiais ficam girando em torno de seu próprio eixo, como um cachorro perseguindo o próprio rabo.

São raivosos desde pequenos: a fêmea dá à luz geralmente em torno de 3 à quatro filhotes que, na medida em que vão crescendo, começam a brigar entre si e, inclusive, com a própria mãe, que literalmente "abandona" os filhotes por não suportar tantas mordidas.

(Filhotes criados em cativeiro)

Na década de 60, no auge dos desenhos animados, os estúdios Warner Brothers (produtora dos personagens Pernalonga, Frajola & Piu Piu, Patolino, Papa-Léguas, etc.) criaram um personagem que inicialmente apareceu em alguns episódios dos desenhos de Pernalonga.

O personagem fez tanto sucesso que a Warner Bros o transformou em personagem fixo, batizando-lhe de "Taz", fazendo-lhe, inclusive, de protagonista de uma série de desenhos produzidos por esta produtora.

Os cientistas descobriram recentemente que a população desse mamífero tem diminuído significadamente nos últimos anos, em razão de uma doença cancerosa que aparenta ser endémica. Esta doença foi identificada em 1999 e causa tumores em torno da boca, sendo normalmente fatal por impedir a alimentação do animal. Têm-se o registro de que 70% da população de diabos da Tasmânia estão acometidos por tal doença.

O modo de contágio ou propagação da doença permanece desconhecido e há evidências de que seja cíclica com um período de 70 a 100 anos. A epidemia atingiu proporções catastróficas, levando os conservacionistas a tomar medidas extremas como matar os animais que apresentem os estágios iniciais da doença, para evitar o contágio, e criar áreas fechadas com populações saudáveis nas ilhas ao largo da Tasmânia, de forma a permitir a reintrodução no caso da espécie ser erradicada da ilha principal no futuro próximo.

Em 2009, o seu estatuto de conservação, na Austrália passou de vulnerável para ameaçado.