A angustiante vida sexual dos peixes-diabo machos

Circulava uma piada infame na época da universidade que dizia que a mulher é a equação perfeita, porque eleva o membro à máxima potência, extrai o fator comum e te deixa reduzido ao mínimo expoente, ainda que era contada de uma forma bem mais vulgar. Eu sempre pensei se realmente existe algum animal que cumpre a terceira premissa, a de deixar o macho reduzido ao mínimo expoente e recentemente descobri que esta é a família dos ceratiidae, entre eles, o mais conhecido Cryptopsaras couesii, também conhecido como peixe-diabo ou pescador.

Este peixe tem que suportar a carga de viver a uma profundidade de até 2 mil metros. Para alimentar-se desenvolveu um engenhoso sistema que consiste em uma espécie de lanterninha fluorescente que atrai outros peixes desavisados que são devorados sem piedade por este anjinho (daí o nome de peixe pescador). A beleza também não é uma das suas características, e daí seu outro nome de peixe-diabo.

A 2 mil metros sob o mar o único problema não é se alimentar, também encontrar um parceiro é uma grande dificuldade. Está tudo escuro, há muita pressão e pouca comida, motivo pelo qual a fauna não abunda, logo tampouco não é nada fácil encontrar alguém da sua espécie com vontade de procriar. Como a evolução resolveu este problema? Bem , pois todos sabemos que evolução é sábia, mas ainda não é possível criar baladas em bares e danceterias marinhas para que os peixes se conheçam. Por isso suas soluções são bastante peculiares. Neste caso específico parece digna de um roteirista de um filme de suspense e de terrore já explico mais adiante.

Acontece que um os cientistas começaram a ficar com a pulga atrás da orelha porque todos os peixes-diabo que eram pescados fossem fêmeas e quase sempre tinham parasitas, até que descobriram o enigma. Os peixes-diabo macho nascem com a boca selada e um olfato super desenvolvido que é utilizado para rastrear os feromônios da diaba, que se converte na única possibilidade de evitar a sua morte. Se não encontram uma parceira, morrem de fome.

No entanto, se encontram-na a coisa muda, mas o destino não é muito encantador. Uma vez que se encontram, ela segrega uma enzima que digere a pele da boca do macho e a do seu dorso, de forma que o macho fica fixado permanentemente à pele da fêmea assim como uma sanguessuga, nutrindo-se diretamente do fluxo sanguíneo de sua consorte. Sua única função na vida é satisfazer a "demônia" quando ela tiver uma elevação hormonal. O sonho de um gigolô de terceira elevado a seu máximo expoente, ou o macho reduzido à mínima expressão, segundo como queira ver.

Se a vida deste peixe parece cruel, as coisas podem ser ainda piores. Existe um gênero de vermes chamados osedax que vivem a grandes profundidades alimentando-se do esqueleto de baleias mortas, daí seu nome em inglês de zombiworms ou boneworms. Aqui os machos não se convertem em um apêndice das fêmeas, senão que se convertem em endoparasitas. As fêmeas são poucas e muito solicitadas, motivo pelo qual uma dama osedax tem entre 50 e 100 machos em seu interior, dedicados em corpo e alma a sua fecundação, que na verdade lembra muito mais a uma creche, já que os machos nunca passam do estado larval. Um caso extremo da síndrome de Peter Pan.