Se restam poucas bolachas no pacote, parecerão mais saborosas

Sempre recebemos questionamentos, via comentários, de porque designamos de "Última bolacha do pacote" a algumas moças nas Imagens da Semana. A dúvida reside em que a bolacha do fim do pacote está velha, murcha e com gosto ruim. Mas não é bem assim e já vou explicar o porquê. As coisas, quanto mais escassas são, mais valor por nossa parte obtêm. Assim é como funcionam as peças de colecionadores, motivo pelos qual as pessoas costumam pagar milhões simplesmente porque são únicas ou há muito poucas cópias.

Mas essa máxima inclusive pode influir em como percebemos essas coisas, inclusive através do gosto, e como exemplo podemos citar as últimas bolachas do pacote. Ao menos é o que sugere um estudo de 1975 do psicólogo Stephen Worchel, da University of Havaí: as bolachas de um pote quase pareciam mais gostosas que as mesmas bolachas de um pote cheio. O estudo tinha por título "Efeitos da oferta e da demanda na qualificação do valor do objeto" e foi publicado em Journal of Personality and Social Psychology daquele ano.

Imagine que você recebe um jarro com dez bolachas e solicitam que pegue somente uma, dê uma mordiscada e pontue sua qualidade e sabor. Agora imagine que peçam que faça exatamente a mesma coisa, mas desta vez com um jarro no qual há somente duas bolachas. Parece razoável supor que o número inicial de bolachas da cada jarro não afete às pontuações. Razoável sim, mas falso. Em parte, desejamos e apreciamos um objeto conforme seja mais fácil ou difícil obtê-lo.

Mas Worchel não ficou por ai em sua experiência e também pesquisou se este princípio funciona melhor quando a escassez de um produto é constante ou bem recente. Os resultados demonstraram que o princípio de escassez funciona melhor nos produtos cuja escassez é um fato recente.

A popularização dos dados desta experiência resultou na expressão "Última bolacha do pacote" para designar uma pessoa desejada ou de, forma depreciativa, a pessoa que se sente o máximo.

A mesma coisa acontece com a expressão "Última Coca-cola do deserto", dizem que ela está quente, xoxa e sem gás. A origem é também relacionada a uma experiência. em duas etapas. patrocinada pela própria marca. Na primeira, um grupo de voluntários deveria tomar o refrigerante sobre condições normais do dia-a-dia e então dar pontos para seu sabor. Na segunda etapa, os mesmo voluntários, desta vez sobre condições estafantes, após fazer uma caminhada por uma área desértica sobre o sol, deveria novamente classificar o sabor do refrigerante. Lógico que a preferência recaiu sobre o refrigerante da segunda etapa.

Espero que conhecendo uma de suas possíveis origens, fique mais fácil entender a expressão. Dá mesma forma algumas pessoas tem dificuldade para entender o sarcasmo, ainda que nesse caso não seja uma indicação de demência, conforme aconteceu ontem com o post da garota da luta livre, por desconhecimento que este tipo de luta é pura armação e serve ao principio de fazer rir.

Fonte: Quirkology de Richard Wiseman.