Os golfinhos parecem entender sua mortalidade e vivem a morte como os humanos (6 fotos)

Pesquisadores acham que os golfinhos exibem um comportamento similar ao dos humanos ante a morte de seus seres próximos. Ainda que corremos o risco de impor qualidades antropomórficas em animais que possuem características próprias, os cetáceos exibem o que provavelmente seja a qualidade mais humana de todas: a empatia.

Recentes estudos haviam sugerido que os cetáceos são sensíveis ao aspecto emocional de seus colegas e inclusive dos humanos, mas agora nova informação aponta à possibilidade de que sejam também conscientes da morte, algo que só ocorre em muito poucas espécies do planeta.

O pesquisador Joan Gonzalvo do Instituto Thethy em Milão acha que os golfinhos nariz-de-garrafa também se lamentam ante a morte de seus familiares. Em 2007 Gonzalvo observou uma mãe que se manteve próxima de sua cria morta, levantando-a repetidamente à superfície, em um comportamento que durou dois dias, como se "não pudesse aceitar sua morte", algo que acontece a muitas mães humanas.

Isto se complementa com o que observou um ano depois, quando um grupo de golfinhos adultos sustentava um golfinho de três meses de idade, em claro sofrimento, a quem os maiores tentavam em vão mantê-lo flutuando. Os golfinhos nadavam erraticamente estressados até que o golfinho morreu. Gonzalvo surpreendeu-se de ver que então os golfinhos imediatamente deixaram que o filhote morto caísse ao fundo do oceano, aceitando sua morte. A impressão que teve com esta experiência foi que desta vez os golfinhos estavam preparados para a morte.

Ingrid Visser da Fundação para a Pesquisa das Orcas em Tutukaka, Nova Zelândia, diz que viram golfinhos nariz-de-garrafa e orcas acarretando seus mortos, no que interpreta como uma espécie de luto e lamento.

- "Sabemos que os cetáceos têm neurônios von Economo, os quais estão associados com o lamento da morte nos humanos", diz Visser.

No caso das baleias piloto, esta pesquisadora observou que quando uma morre as outras se detêm quando passam a seu lado,

- "É como se estivessem confirmando sua morte. E se tentávamos fazer com que passassem sem se deter, elas lutavam para regressar ao animal morto".

É difícil dizer até que ponto os cetáceos entendem a morte, mas certamente mostram um comportamento que sugere que se destacam de outros animais e conquanto pode ser uma projeção antropomórfica considerar que vivem a morte como nós, também não deixa de ser antropocêntrico pensar que só nós temos consciência da morte.

A grande verdade é que mal começamos a conhecer nossos parceiros de viagem pelo planeta. Estudos recentes vem descobrindo e comprovando coisas tão simples como a inteligência de alguns primatas ou do aspecto colaborativo que existem em várias espécies, entre elas os cetáceos.

Recentemente a equipe da Nat Geo da expedição Lindblad captou imagens magníficas, as mais impressionantes que vi na minha vida sobre a vida animal, que mostram uma família de orcas trabalhando colaborativamente para capturar uma foca isolada em um iceberg. Prestem atenção a linha do tempo 1:38 para ver o que fazem 4 orcas para resolver o problema. Incrível!

Fonte: New Scientist.