Já não se fazem mais políticos como antigamente

Zaleuco de Locros, século VII a.C., foi um dos primeiros legisladores gregos que hoje em dia, lamentavelmente, não caberia no âmbito político. Se a política fosse uma balança na qual pesassem a responsabilidade e hombridade, poderíamos colocar de um lado todos os políticos do mundo do último século e do outro Zaleuco, e com certeza a balança inclinaria do lado do grego.

O julgamento de Zaleuco por Gaspar van den Hoecke

Conta a história (ou a lenda) que um filho de Zaleuco foi acusado e condenado por um delito –há várias versões: roubo, adultério...– cuja pena era a perda de ambos olhos. Apesar de ter poder e autoridade para exonerar o próprio filho, decidiu não fazê-lo, pelo menos não de forma integral:

- "Perdoarei seu crime de forma parcial, já que não é ele o único culpado, e mandarei que lhe arranquem só um olho; o outro eu mesmo arrancarei, pois sendo seu pai devia tê-lo educado melhor, e assim será cumprida a lei de forma integral, já que esta nada diz sobre que olhos há que sacar..."

Mas além deste ato de responsabilidade extrema, também foi um político engenhoso. Embora o código lócria claramente favorecesse a aristocracia, Zaleuco era famoso por sua conciliação dos diferentes grupos da sociedade. Por exemplo, para erradicar de Locros a ostentação, a suntuosidade e certos costumes (reservando se a proporção de que falamos de um distante século VII a.C.):

- "Uma mulher livre não deve ser acompanhada de mais de uma servente, a não ser que esteja bêbada".
- "Mulheres não devem sair pela cidade a noite, a não ser que estejam indo cometer adultério".
- "Mulheres não devem vestir roupas douradas, nem vestidos bordados, a não ser que sejam prostitutas".
- "Homens não devem usar anéis dourados nem roupas semelhantes ao milesios (habitantes de Mileto), a não ser que frequentem prostíbulos ou que estejam indo cometer adultério".

Em outra oportunidade, estabeleceu uma lei que proibia qualquer pessoa de entrar armada na Casa do Senado. Diante de uma emergência, ele acabou esquecendo e o fez, mas quando ele se lembrou da lei, imediatamente se prostrou sobre sua espada e se propôs um sacrifício para a soberania das reivindicações de ordem social.

A lei mais polêmica estabelecia que se algum legislador propusesse uma nova lei ou a alteração de uma já existente, devia comparecer perante o Conselho dos Cidadãos com uma corda no pescoço. Se o Conselho votasse contra a proposta, o proponente seria imediatamente estrangulado.

Enquanto isso em Brasília...

Fonte: Straight Dope.