Morre Arthur Clarke, autor de "2001: Odisséia no espaço"

O escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke, que ganhou reconhecimento mundial com mais de 100 livros sobre o espaço, a ciência e o futuro, morreu ontem aos 90 anos de complicações respiratórias, em Colombo, no Sri Lanka, seu país adotivo. Há mais de 30 anos ele lutava contra uma síndrome pós-pólio o que já obrigou-o a usar cadeira de rodas para se locomover.

Graduado em matemática e física, Clarke foi tenente da Real Força Aérea Britânica e trabalhou como operador de rádio antes de se dedicar integralmente à literatura. Nos anos 40, décadas antes de sua real aplicação, Clarke escreveu um artigo que propunha o uso de satélites em telecomunicações; o que lhe conferiu grande respeito entre os cientistas.

Depois de ser protagonista e comentarista de vários programas de TV, o escritor mudou-se para o Sri Lanka em 1956 porque gostava de mergulhar. Para ele, o mergulho, era o mais próximo que conseguia chegar da sensação de ausência de peso experimentada no espaço.

Em 2000, recebeu o título de cavaleiro, na casa do embaixador britânico no Sri Lanka, mais de dois anos depois que o título lhe havia sido conferido com honras. A homenagem foi adiada depois que o The Sunday Mirror o acusou de pedofilia, fato nunca comprovado.

Apesar de seus grandes feitos, foram seus livros de ficção científica que lhe deram a maior fama e suas maiores alegrias. Seus livros imaginaram, com anos de antecedência, vários feitos espaciais de nossos dias - o que levou algumas pessoas a qualificá-lo como uma espécie de Julio Verne moderno. Clarke já fez parte da diretoria de várias organizações científicas, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Para ele, o maior desafio era investigar a possibilidade de vida fora da Terra.

- "Algumas vezes perguntam-me como gostaria de ser lembrado. Tive uma carreira diversa como escritor, como explorador submarino e como promotor do espaço. De todas elas, gostaria de ser recordado como escritor", assinalou Clarke recentemente.

Coautor junto com o cineasta Stanley Kubrick do filme "2001: Uma odisséia no espaço", de 1968, um dos maiores sucessos do cinema, Clarke é considerado bem mais que um autor de ficção científica.

Casou-se em 1953, divorciou-se em 1964 e não deixa filhos.