11 coisas que só as mães de garotos entendem

Há duas semanas, depois de escrever o post "10 coisas que ninguém me disse sobre ter uma filha", recebi vários e-mails pedindo que fizesse uma lista da contraparte, ou seja "10 coisas sobre ter um filho". Depois de muito pensar e não me ocorrer nada que todos já não saibam de como é maravilhoso ser pai, desisti. Mas ontem li uma lista escrita por Shannon Ralph no site "The Next Family", que é simplesmente uma delícia. Veja só que bacana

Há anos, quando meus filhos ainda eram uma faísca inconsciente em meus olhos, tive a visão do que seria a maternidade. Nessa visão, havia tutus e chás de bonecas; horas de leitura no sofá; princesas Disney e Dora a exploradora; vestidos listrados e leggings de bolinhas; tranças e rabinhos; lojas e risadas. Tinha paz e amor e alegria, e... e... paz.

Mas então, eu tive filhos.

Parece cruel dizer que toda aquela minha visão da maternidade foi direto para o inferno, mas... sim, a minha visão de maternidade foi diretamente para o inferno.

O que eu ia fazer com essas criaturas ruidosas e com mau cheiro? Essas coisas que estavam constantemente se movendo. E escalando. E gritando. E brigando entre eles. Como poderia eu, uma lésbica, entender essas criaturinhas "reclamonas" capazes de fazer xixi em sua própria cabeça?

Parecia uma tarefa impossível, mas aqui estou eu para contar algumas coisas que aprendi depois de 11 anos criando meninos. Estou segura de que resultará familiar para todos os pais de garotos.

1. Guerra nas Estrelas é comparável à religião.

Não importa se você já era fã de George Lucas antes de ter filhos. Asseguro que vai entender a diferença entre Darth Vader e Darth Maul. Vai se apaixonar por Han Solo (ou Princesa Leia). Inclusive vai chamar seu filho, para sua surpresa, de "pequeno aprendiz Padawan". Essa obsessão com todas as coisas de Star Wars chega logo e bate forte. Afeta à população masculina e não existe vacina contra isso. Nem cura. Nem sequer a Organização Mundial da Saúde alerta sobre o caso. De modo que faça um favor a si mesma e, se não pode contra eles, una-se à Força.

2. Odiar e ao mesmo tempo agradecer o fato de que seu filho se converterá em um homem.

Isto é duro. Todas queremos que nossos filhos tenham sucesso e, sinceramente, os homens, particularmente homens brancos, levam vantagem neste mundo louco no qual vivemos. É mais fácil para eles. E nós não gostamos. Lutamos por mudá-lo. Lutamos contra isso desde cada fibra de nosso ser feminista. Mas no fundo de nossa mente, respiramos com alívio ao saber que nossos filhos não terão tanta dificuldade como outros. Nos odiamos por isso, mas seguimos fazendo.

3. Os meninos dão os melhores abraços.

E beijos. E se aconchegam. Quando se recebe um abraço de filho, você se esquece de tudo. Não há outro motivo. Não há conspiração acontecendo no fundo de sua mente. O carinho dos garotos é simples. Garanto que não há nada mais puro neste mundo.

4. Peidos são engraçados.

Ou ao menos seus filhos acham que é muito hilário. Começarão muito cedo a cultivar seu talento gasoso. E quanto mais ruidoso, melhor. Quanto mais fedido, melhor e mais divertido. Sua casa vai ser preenchida com uma sinfonia gloriosa de gases intestinais. Em um dia, em pleno estado de exaustão induzida por disputas das crianças, vai se unir a eles. Nesse dia, tremulará a bandeira branca da rendição. A batalha acabou e e você perdeu. Então peidará alegremente com eles como se não houvesse um amanhã.

5. Tudo ficará coberto de xixi.

Sério. Tudo. O vaso sanitário. O piso. O tapete do banheiro -que deverá ser substituído nada menos que trocentos e trinta e sete vezes durante a infância do seu filho-. A borda da banheira. A parede. Ocasionalmente, até mesmo a janela do banheiro... Aparentemente mirar o vaso sanitário é bem mais complicado do que sugerem as leis básicas da física e da gravidade.

6. Qualquer coisa pode ser convertido em um arma.

Você tentará inculcar suas formas pacíficas de seus anos de juventude em seus filhos pequenos, mas a verdade é que os meninos amam armas. Você não tem nem que comprar uma pistola reluzente; eles podem criar seu próprio revolver com qualquer coisa: um pau, um rolo de papel higiênico, uma banana, um snorkel, seu dedo indicador.... enfim, até seu pênis pode virar uma pistola -ainda que, como já disse no ponto 5, têm que melhorar sua pontaria-. Passei anos lutando contra isto até que me dei conta de que é algo inato. Através da brincadeira de tiros e espadas -por estranho que pareça, sinto menos ansiedade quando meu filho imita um espadachim do que quando imita um pistoleiro-, as crianças aprendem a se relacionar, a compreender o sentido do bom e do mau e a controlar seus impulsos agressivos. A brincadeira é normal, mas, obviamente, falo a meus filhos do perigo das armas reais. E ensino-lhes o respeito básico pela vida humana.

7. Os meninos são físicos.

Desde o momento em que saem de nossa vagina e veem a luz, se apoderam do espaço que habitam. Escalam os móveis. Eles pulam uns sobre os outros. Brigam sem motivo aparente. Um abraço inocente entre irmãos pode se transformar em um pega-pra-capar de um momento para o outro. Perdi a conta de quantas vezes em um único dia tive que dizer a frase: "Fica quieto pelo menos um minuto meu filho. Tenha a santa paciência!" Apesar de tudo, esta presença física é normal. É a forma em que os garotos se relacionam com o mundo. Os especialistas inclusive afirmam que isso ajuda a criar relações positivas e a fomentar a inteligência. Estou convencida de que, com base nisto, meus filhos se converterão em Albert Einstein e Stephen Hawking, respectivamente.

8. Os garotos não escutam.

Sério, não escutam mesmo. Minhas cordas vocais inchadas e minha voz de fumante empedernida são o testemunho do fato de que nem sequer gritar funciona. Mas a verdade é que a culpa não é realmente deles. Há estudos que assinalam que, ao nascer, os meninos têm menor sensibilidade de escuta que as garotas, e que a diferença não faz mais do que crescer. A audição das garotas é bem mais sensível aos padrões de fala, tornando para elas mais fácil escutar o que os outros estão dizendo. O cérebro dos garotos desenvolve este talento com mais lentidão que o cérebro das garotas. Como consequência, pode ser que realmente eles não estejam ignorando sua mãe quando alegremente espalham seus Legos sobre cada centímetro da sala de estar. Mas isto não vai acalmar sua fúria quando pisar em um de seus brinquedinhos uma e outra vez chamando seu nome repetidas vezes. Uma e outra vez... enfim, é compreensível.

9 Marvel versus DC Comics.

Escolha um. Qual é melhor? Seu filho vai ter uma preferência definida e ele vai querer saber a sua opinião.

10. A roupa não tem nenhum significado.

É verdade, compras são bem mais fáceis com os meninos do que com as garotas. Eles não se importam com o que vão vestir. O problema disto, no entanto, é que seu filho destruirá sistematicamente cada peça de roupa que você comprar para ele. Qualquer. Desgastará todas e cada uma das calças jeans e pijamas. Haverá manchas de grama. Manchas de alimentos. Manchas de lama. Manchas de origem não identificável. Você vai lamentar a perda de seu dinheiro suado. E não há nada que você possa fazer sobre isso, exceto aceitar o fato de que mandar o pestinha pelado para a escola é desaprovado na maioria das sociedades ocidentais.

11. Os meninos amam de forma incondicional.

Minha personalidade anal-retentiva diz-me que seria melhor acabar esta lista com um número redondo, o 10, mas ainda resta dizer o mais importante que aprendi como mãe de garotos. Eles amam incondicionalmente. Amam descaradamente. Amam com todo seu coraçãozinho. Quando sua filha, cheia de razões, se empenha para que a deixe tranqüila, seu filho simplesmente ama. Quando sua filha adolescente é mal-humorada e carrancuda e odeia você, seu filho simplesmente ama... e ama. O amor deles é sólido. O amor deles é forte e consistente desde o início. E fica impregnado na gente para sempre.

Estou admirada com meus hominhos: maravilha, energia, sensibilidade, curiosidade, inocência e compaixão a cada dia. Minhas experiências de maternidade podem não corresponder com a visão que eu tinha anos atrás, mas já ultrapassou meus sonhos mais loucos. E eu tenho um par de meninos incríveis para agradecer por isso.