Viktoria Modesta, a primeira popstar biônica (11 fotos)

Épico pop biônico que seguramente teria deixado J.G. Ballard, o autor de Crash ,com priapismo, e ao mesmo tempo pegajoso e irritante marketing que se faz passar por música conceitual. Uma mistura destas coisas é o ato apresentado por Viktoria Modesta, artista com uma proposta hiperrealista que busca sacudir os reality shows de música pop que em nos últimos anos buscam todo tipo de atrações e pantomimas para manter os números da audiência.

A cantora e modelo nascida na Letônia, Viktoria Modesta acaba de deixar à sociedade inglesa com a boca aberta ao apresentar seu primeiro vídeo musical no Canal 4 sem nenhum tipo de complexo e servindo de inspiração para milhares de pessoas no mundo.

Quando Viktoria nasceu, uma negligência médica durante o parto, provocou que sua perna esquerda ficasse danificada para sempre. Esta anomalia em sua perna afetou em grande parte sua vida social, tanto em sua infância quanto em sua adolescência.

Após submeter-se a 15 cirurgias ineficazes na Letônia, a artista foi para Londres, com a esperança de encontrar um melhor procedimento, no entanto, depois de vários frustrações, Viktoria compreendeu que a amputação de sua perna esquerda logo abaixo do joelho era a única solução a um sofrimento crescente que não lhe permitia ter uma vida normal.

Finalmente a operação libertou-a de seus complexos, dores e problemas de mobilidade. Restituiu a confiança em si mesma e de forma inesperada sua deficiência converteu-se em uma de suas senhas de identidade.

Hoje ela diz que sente-se bela e completa. Viktoria utiliza suas próteses como obras de arte biônicas e de design em ocasiões mais especiais, como por exemplo na cerimônia de fechamento dos Jogos Paralímpicos de Londres, quando cantou exibindo uma magnífica perna feita com cristal de Swarovski, uma peça única que completava seu vestuário com naturalidade.

Viktoria acabou se transformando em uma verdadeira inspiração para muitas pessoas deficientes, demonstrando que é possível se orgulhar de si mesmo e perseguir seus sonhos, sem se importar com os obstáculos.

Ademais o ser humano massificado adora ver estas coisas com desdobramento de narrativas aspiracionais, supostamente reais, enquanto escuta música que apela a centros emocionais que são inundados de dopamina estereotípica e que se identifica com os clichês que transbordam como lagos de mel na superfície de sua alma.

Segundo relatam em um comunicado de imprensa?

- "Viktoria é a inspiração para a rebelião em um regime totalitário, sua alteridade inspirando o público e ameaçando o regime totalitário". Uma narrativa interessante para condimentar seu pop. A ideia central é inspirar as pessoas deficientes, já que se uma pessoa sem uma perna pode ser popstar, sugerem, onde é tão importante a imagem, é possível ser qualquer coisa.

E eu gosto disso, o problema começa quando o detalhe é que o pop justamente se trata da imagem que consegue projetar e neste caso se trata de uma mulher com uma prótese iluminada que se aproxima mais de uma deidade do que de uma pessoa comum e corrente que usa muleta. Sua perna robótica, metamórfica, às vezes feita de luz, às vezes feita de metal e às vezes de uma espécie de obsidiana líquida é a sedução da radical alteridade e, no entanto, apenas um simulacro. Nada contra ela, que, evidentemente, é muito linda.

O video Prototype (no final do post) foi transmitido durante a transmissão do final de temporada de X Fator na Grã-Bretanha, com uma audiência de mais de 10 milhões de pessoas. O video tem ecos do "glamour esquisitão" de Lady Gaga, com uma clara inclinação para o tecnofuturismo arranjado até à última nota com Auto-Tune.

Link do Youtube

Fonte: Daily Mail.