Os ventos selvagens do monte Washington

O tipo que você vê na imagem sendo arrastado pelo vento está em um dos lugares com o tempo mais inclemente da Terra, tanto que supera em ocasiões as condições da Antártida. Trata-se do pico do monte Washington, de 1.917 metros, no nordeste dos Estados Unidos. O lugar não é muito alto, mas sua localização -no ponto em que se encontra o ar dos Grandes Lagos com o ar úmido do Atlântico- fazem dali um inferno de ventania e neve (são habituais as nevascas de até seis metros).

Os ventos tempestuosos de sua cimeira, acima dos 160 km/h, criaram uma tradição dos visitantes em deixar-se arrastar pelo vento e tentar voar um pouco como Superman. O protagonista da imagem foi gravado faz alguns dias com um vento de 170 km/h que lhe impede de caminhar e o arrasta à força assim que se descuida.

Nada comparado com a experiência que viveu o meteorologista Salvatore Pagliuca na tarde do 12 de abril de 1934, quando saiu ao exterior da estação meteorológica local amarrado com uma corda enquanto dois colegas seguravam para que não saísse voando e registrou uma velocidade do vento de 372 km/h, um número que marcou o recorde durante décadas até que em 2004 um tufão na Austrália provocou um vento ligeiramente mais rápido.

O lugar é acessível de carro e fica cheio de turistas que costumam assistir um vídeo chamado "O café da manhã dos campeões", em que mostram os efeitos do vento sobre um par de tipos que tentam servir um café no pico.

O monte Washington não deve ser tratado como brincadeira. Dezenas de pessoas morreram caminhando por esta área devido às mudanças extremas no tempo. O último saiu caminhando em uma ensolarada manhã de agosto e em matéria de minutos se perdeu dentro de uma tempestade de pesadelo de onde nunca regressou.