Jovem deixou suas lentes no piso de uma galeria e os visitantes acharam que era uma obra de arte

A arte contemporânea é, de certa forma, um grande equívoco. Ao menos se considerarmos a vertente herdada por Marcel Duchamp, provavelmente um dos artistas com o melhor humor na história e também um dos mais inteligentes, graças ao qual foi capaz de fazer uma "obra mestre" com um urinol. Que equívoco evidenciou Marcel com sua peça? Entre outros, que na modernidade a arte se despojou pouco a pouco de sua aura sublime para poder participar da roda do mercado.

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Com seu gesto, Duchamp criou o conceito de "ready made", que é o ato de levar um elemento qualquer do dia a dia, a princípio não reconhecido como artístico, para áreas das artes, ao mesmo tempo assinalando ao mesmo tempo que a arte já era um objeto de consumo.

Por estes dias circula na Internet um episódio sumamente eloquente sobre o fato de que a relação entre a arte e o espectador é sobretudo uma relação de consumo. No Museu de Arte Moderna de San Francisco, um jovem de 17 anos não teve melhor ideia do que deixar um óculos de grau no piso de uma das salas para saber como reagiriam outros visitantes.

TJ Khayatan fez isto depois de percorrer junto com outros amigos o museu e ver peças como um animal dissecado sobre um lençol que, como acontece com frequência, lhes suscitaram o questionamento se aquilo era arte e por que era considerado como tal.

Previsivelmente, ante os óculos, as pessoas fizeram o que é feito sempre agora: começaram a tomar fotografias com seus smartphones, reagindo como se acha que deve ser reagido, assumindo o papel de visitante antenado de um museu de arte moderna na era do selfie. Isto é arte? Que importa, enquanto você possa compartilhar a imagem com o filtro mais adequado do Instagram.

Isso é arte? A quem lhe importa, enquanto possa ser consumido.

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