Novas drogas contra o câncer acabam com o cabelo grisalho

A recorrência de medicamentos cujo efeito colateral se torna útil para curar outra patologia cada vez aumenta mais. O Viagra foi originalmente estudado para ser utilizado como fármaco de hipertensão e angina, mas logo descobriram que os voluntários viviam com priapismo (doença do "pinto" duro). Um sujeito com psoríase, que por acaso era careca, tratou o problema de pele com citrato de tofacitinibe e ficou cabeludo. E agora novas drogas para o tratamento do câncer apresentaram um efeito colateral diferente do da queda de cabelos, restaurando o pigmento dos cabelos grisalhos de idosos.

Pesquisadores espanhóis que testaram três novas drogas contra o câncer: Keytruda, Opdivo e Tecentriq, buscando efeitos colaterais negativos em pacientes com câncer fizeram uma descoberta muito surpreendente. Após o uso das drogas, 14 dos 52 pacientes envolvidos no estudo viram seu cabelo cinza ficar castonho ou preto novamente. As descobertas foram relatadas recentemente em um artigo publicado na revista médica JAMA.

Dra. Noelia Rivera, dermatologista da Universidade Autônoma de Barcelona, ​​disse que, quando o primeiro voluntário do teste relatou a mudança de cor do cabelo, ela e seus colegas achavam que era apenas um caso isolado. Mas então eles verificaram as fotos de outros pacientes antes do tratamento e perceberam o mesmo. Em 13 casos, os cabelos do paciente passaram de grisalho ou branco para castonho ou preto completamente.

O estudo também descobriu que, em todos os casos, exceto um dos 14, os pacientes responderam melhor ao tratamento do que outros pacientes, o que sugere que a restauração do pigmento no cabelo pode ser uma indicação de que os medicamentos funcionam. Os médicos ainda não têm uma explicação para a mudança na cor do cabelo, mas estão planejando estudar melhor o efeito colateral e ver se os casos são simples.

Curiosamente, as drogas administradas durante este estudo foram previamente associadas a perda da cor do cabelo em pacientes que sofrem de melanoma. Os pacientes envolvidos neste estudo, que recuperaram a cor do cabelo anterior, sofrem de câncer de pulmão.

A Dra. Noelia advertiu as pessoas a não tentar essas novas drogas cancerígenas apenas para combater os efeitos do envelhecimento no cabelo, pois também têm outros efeitos colaterais muito menos agradáveis. Se as propriedades que mudam a cor do cabelo dos medicamentos forem confirmadas, um novo tratamento especificamente para este fim poderia ser desenvolvido no futuro.

Mas não vá ficando animado sobre a possibilidade de ter as melenas em sua cor natural novamente. Em 2016, quando eu escrevia sobre o Keytruda, medicamento que demonstrou ser duas vezes mais eficaz que a quimioterapia para o tratamento e redução de tumores cancerígenos (sem as terríveis reações da quimio), descobri enfastiado que um recipiente de 50 mg custa em torno de 30 mil reais. Cada frasco de 10 ml do Opdivo custa em torno de 8 mil reais e a ampola do Tecentriq também não está muito barata: aproximadamente 1.500 reais. A depender desses preços eu vou morrer careca de cabelo branco e canceroso.