Eleição nos EUA e o fantasma do racismo

Os Estados Unidos podem ser hoje testemunhas de um acontecimento que parecia impossível no século passado: a vitória, nas eleições presidenciais, de um candidato negro, Barack Obama. Setenta anos atrás, os negros eram considerados escravos e não tinham direito nem a compartilhar com os brancos o transporte público, os banheiros e, muito menos, a aspirar a um cargo público.

Algo parece ter mudado na história eleitoral daquele país. A mídia confirma a existência de uma sensação coletiva de que os eleitores, em sua maioria, não mentem à hora de emitir sua opinião nas pesquisas de intenção de votos. Tudo, então, pareceria indicar que, pese a sua cor e suas origens africanas, o candidato democrata tem grandes chances de ser o sucessor de George Bush, a partir de janeiro próximo.

Por que estaria em dúvida a honestidade do votante? A candidatura de Obama remete, na memória coletiva, ao caso de Tom Bradley, o prefeito negro de Los Angeles que, em 1982, era o franco favorito, segundo as pesquisas, para ser governador da Califórnia. Mas uma inesperada derrota ocorreu, demonstrando que grande parte dos consultados nas pesquisas tinham mentido ao expressar suas preferências, talvez por não querer expressar seu racismo abertamente.

Diversamente, hoje em dia, os eleitores "asseguram" que não existe o denominado efeito Bradley e que aqueles que não votarão em Obama manifestam sua opinião sem rodeios e as vezes com opinião carregadas de racismo. Tanto que ontem o SlashDot deletou/fechou um tópico onde vários usuários comentavam que ..."é uma vergonha aviltante para a supremacia da raça branca escolher um negro como presidente da maior potência do mundo."

Lógico que isto não significa necessariamente que os republicanos sejam racistas. O problema é que a maioria deles estão localizados politicamente na extrema direita e, querendo ou não, causaram um grande dano ao partido, levando muitos republicanos históricos a se posicionar favoravelmente a Obama, pelo menos publicamente. Pois é certo que há uma grande parcela de estadunidenses que dizem uma coisa nas pesquisas e depois farão outra.

Os principais meios jornalísticos do país afirmam que a vantagem que Obama tem em estados considerados chave é determinante e que a cor da pele não será uma barreira na carreira para a presidência. É sabido que o racismo influirá à hora do voto mas unicamente em estados como Alabama, Tennessee e Texas, onde o candidato republicano lidera as pesquisas.

Outro fator preponderante contrário a McCain é o presidente mais trapalhão e "tosco" que já dirigiu os EUA, nem seu pai conseguiu aprontar tantas trapalhadas ou demonstrou tanta falta de capacidade administrativa e de intelecto que o atual G.W. Bush.

O próprio candidato republicano, John McCain não crê que o racismo possa influir no resultado das eleições:

- "Há racismo nos Estados Unidos. Todos sabemos. Mas estou totalmente convencido de que 99 por cento do povo estadunidense vai tomar uma decisão com base de quem é melhor para encabeçar o país", disse ele dias atrás numa reportagem ao Washington Post.

De qualquer forma, as pesquisas calculam que o preconceito, em tal sentido, restarão entre 3 e 6 pontos para Barack Obama. Mesmo que uma delas, a pesquisa feita pela Universidade de Stanford, divulgada recentemente, assinalou que um terço dos eleitores democratas brancos considera que os negros são violentos e vadios.

O racismo parece ser um tabu. Seguirá escondido e silencioso ou silenciado ou terá sido superado?
Talvez uma nova história começará a ser contada a partir de hoje.