Estas estruturas abandonadas nos permitem vislumbrar o tempo que a Terra levaria para esquecer-nos

O fotógrafo Johnny Joo gosta de praticar o Urbex, mas de uma maneira um pouco diferenciada: explorando estruturas e prédios abandonados que foram reclamados pelo ambiente natural originalmente "domesticadas" para criar espaço para elas. Joo registra antigos barcos, casas de campo, shoppings, escolas, arsenais e pequenas trilhas, enquanto estes timidamente voltam à obscuridade, cobertos pelo mato, videiras e árvores.

O fotógrafo de 27 anos passou os últimos dez anos atravessando os Estados Unidos para explorar estes espaços abandonados. Em 2012, Joo iniciou um blog, Architectural Afterlife, onde ele apresenta seu trabalho e escreve reflexões sobre suas explorações e a história de todos os locais esquecidos.

Ele publicou três livros de suas fotografias e atualmente está trabalhando em um quarto livro, que está disponível para pré-encomenda. Ele também compartilha atualizações no Instagram e no YouTube.

Vendo as imagens de Joo, é quase impossível não pensar o que aconteceria com a Terra se os humanos desaparecem completamente do planeta.

É uma ideia trilhada pela ficção científica, mas tente pensar por um momento só nas consequências. O que aconteceria se hoje, nesse momento, sumissem todos os seres humanos da face da Terra? E amanhã? E dentro de 10.000 anos?

Após algumas horas

Horas após que os seres humanos desaparecessem, as luzes das cidades começariam a se apagar. A maioria das centrais elétricas funcionam com combustíveis fósseis e não teria ninguém para alimentá-las. Com a brutal queda do consumo, as centrais nucleares passariam a funcionar em modo de emergência.

Os parques eólicos deixariam de gerar eletricidade quando acabasse o lubrificante das hélices e as plantas solares se apagariam quando os painéis se enchessem de pó. Só as centrais hidrelétricas seguiriam operando com normalidade durante meses -inclusive anos- sem assistência humana.

Após alguns dias

Aos poucos dias, as redes de metrô e muitas de nossas infraestruturas sob a terra acabariam inundadas porque não teriam pessoas para bombear a água subterrânea. Nossas animais de estimação e milhões de animais de granja começariam a morrer de sede e de fome.

Os animais que conseguissem escapar das casas ou das jaulas começariam uma nova vida selvagem e de sobrevivência. Os cães menores e de raça não demorariam muito a desaparecer, enquanto os cães maiores se organizariam em matilhas para caçar outros animais.

Após alguns meses

Meses após nossa desaparecimento acabaria a água refrigerante dos reatores nucleares e começariam a acontecer explosões nas centrais de todo o mundo. Muitos animais morreriam de câncer, mas a Terra se recuperaria da radioatividade mais cedo do que tarde.

Nas cidades, um simples raio poderia começar um incêndio devastador; se o fogo não acabasse com os edifícios de madeira, as múltiplas pragas se encarregariam disso.

Após alguns anos

Os satélites e outros objetos artificiais que orbitam o planeta Terra começariam a cair, provocando uma chuva de estrelas que só poderiam desfrutar os animais. 25 anos após o desaparecimento dos humanos, nossas cidades ainda se manteriam em pé, mas estariam cobertas de vegetação. Outras, como o Rio de Janeiro ou Florianópolis, estariam enterradas na areia. Ao reduzir-se a poluição do ar, a visibilidade no horizonte seria muito maior nas antigas metrópoles.

Após alguns séculos

Trezentos anos mais tarde, as construções metálicas, as pontes e os arranha-céus acabariam ruindo pela corrosão. As vigas de aço oxidadas aumentariam até três vezes seu tamanho, quebrando o concreto que as protegia.

Cairiam também os diques das represas, inundando com lagos e lagoas muitos dos terrenos que tínhamos tomado à natureza. No mar, sem poluição, nem pesca predatória nem colisões com barcos, as baleias teriam conseguido sair da extinção e conquistar novos oceanos.

Após 10.000 anos

Dez milênios mais tarde, a melhor prova de nossa existência serão as coisas que construímos com pedra: as pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, o Monte Rushmore...

Cinquenta milhões de anos depois...

Só restaria nosso lixo: restos de plástico e vidro, um legado da humanidade que acabaria desaparecendo também nos seguintes cinquenta milhões de anos, quando então o planeta teria se desfeito por fim de todo o nosso lixo. Se surgisse por então uma nova espécie inteligente na Terra, talvez não chegariam a se dar conta de que antes existiam hominídeos chamados humanos.

Dá medo imaginar, mas a Terra seria capaz de voltar a um estado anterior a nossa existência e apagar qualquer rastro de nossa passagem pelo planeta. Só é questão de tempo e, como vimos, podemos estimar quanto tempo, tendo em conta a durabilidade e resistência de nossas infraestruturas.