Anne Bonny, a pirata

Na semana passada após ver o último filme dos Piratas dos Caribe a personagem de Keira Knightley causou-me curiosidade sobre se na realidade existiu alguma mulher pirata. Já que um barco pirata era praticamente como viver um cárcere de máxima segurança só que sem guardas nem celas para conter os prisioneiros.

A resposta realmente é supreendente, não só existiram várias mulheres piratas, senão várias chegaram a capitanear navios, especialmente entre os vikings, onde há 1600 anos uma princesa noruega chamada Sela abandonou a corte para se dedicar à pirataria.

Talvez a mais interessante tenha sido Anne Bonny, uma irlandesa nascida como a filha bastarda de um advogado endinheirado e sua criada, cuja conduta conflitiva sempre criava problemas, especialmente quando apunhalou uma servente à idade de 13 anos.

É difícil separar o que foi verdadeiro e o que foi lenda, já que com o tempo se converteu em uma heroína para os mal-feitores dos Caribes, que começaram a criar centenas de histórias a respeito dela. Mas é sabido que que ainda muito nova fugiu com um corsário de pouca importância, James Bonny, depois que sua família mudou para a América, e por causa disto terminou deserdada pelo pai e por isso Anne, como vingança, colocou fogo em uma grande plantação dele.

Ela foi morar com James na Ilha de Nova Providência nas Bahamas, e conquanto sua relação se deteriorava rapidamente, Anne iniciou uma amizade com alguns dos piratas mais temidos da região, ganhando a sua vez suficiente dinheiro ao vender informação a Woodes Rogers, o governador da ilha.

Vida como pirata
Depois de iniciar uma relação com o pirata Calico Jack, James denunciou-a por adultério, cuja pena era severa, razão pela qual Calico Jack e Anne, que ademais decidiu levar consigo a amiga, Mary Read, fugiram em uma embarcação roubada e, assim, depois de juntar uma tripulação, começaram a se dedicar à pirataria. Com o passar dos meses tiveram várias aventuras e encontros com as autoridades, capturando vários barcos mercantes e amealhando desta maneira uma pequena fortuna. Ao mesmo tempo, a pirata Anne ficou famosa entre as tripulações por sua habilidade com a espada e a pontaria com a garrucha, ganhando assim o respeito entre sua própria tripulação que prontamente escreveram várias canções de pirataria em sua homenagem.

Depois do sucesso da nova dupla pirata, Rogers, o governador de Nova Providência, colocou um preço por sua cabeça, bem como à de Calico Jack e outros membros da tripulação. Algo no qual o capitão Jonathan Barnet, depois de avistar os piratas, teria muito em mente. Infelizmente, a tripulação não teve como resistir muito, já que na noite anterior, depois de um saque com sucesso, embebedaram-se em festejos, e Anne e Mary, sendo as únicas que estavam sóbrias, tiveram que sozinhas enfrentar os invasores.

Depois de ser capturados, a tripulação inteira foi sentenciada à forca. Mas Anne conseguiu postergar a condenação ao dizer que estava grávida, já que segundo a lei Britânica não era possível assassinar uma mulher grávida qualquer fosse seu crime, devendo esperar até após o parto para concretar o castigo. Sua amiga Mary e o resto da tripulação, não obstante, foram enforcados.

Enquanto permaneceu prisioneira, a notícia chegou até seu pai, que estava muito arrependido de tê-la deserdado. Por este motivo juntou uma pequena fortuna para corromper vários oficiais e garantir a fuga de Anne. A partir daí, nada mais se sabe da da vida dela. A teoria mais provável indica que voltou a Europa com uma nova identidade, mas a lenda e as canções dos piratas dizem que zarpou com uma nova tripulação para terras desconhecidas e permaneceu saqueando navios pelos sete mares até o fim de seus dias.