Todos somos mutantes

Efetivamente, você é um mutante. Mas não va perder tempo tentando voar ou ver através da roupa da secretária gostosona do escritório usando a sua visão de raios X. Seu dom não consiste em tentáculos nem facas de titânio, provavelmente só afete a uma única célula. A evolução tem lugar graças as mudanças aleatórias no DNA, e agora os cientistas conseguiram medir o ritmo atual da mutação em humanos.

Uma equipe de pesquisadores, cujo trabalho acaba de ser publicado em Current Biology, recrutaram dois homens de um povoado remoto na China. A família dos indivíduos moram nesta mesma área a mais de dois séculos, o que assegurava um campo restrito de ao menos treze gerações. Examinando seções de seus cromossomas "E" em busca de mutações, a equipe averiguou a velocidade à qual se produzem as mudanças no DNA humano.

A resposta é que um de cada trinta milhões de nucleótidos muda em cada geração. Pode parecer um número muito pequeno, mas quando você fica sabendo que seu DNA consta de 12 bilhões de nucleótidos a coisa muda. Agora mesmo, neste instante, você tem de 100 a 200 erros em sua encriptação celular, mas com um pouco de sorte a maioria não te provocará danos. Ademais, algumas dessas mudanças não são erros. A grande maioria dessas mutações não provocam absolutamente "nada", uma minoria poderia causar a morte, mas uns poucos -extremamente especiais- poderiam resultar em benefício ao seu organismo. Se a gente parar para pensar na mudança de escala de espécies inteiras em centenas de milhões de anos de evolução, o resultado poderia ser qualquer coisa, tal e qual prova a existência do ornitorrinco.

A descoberta da velocidade à que acontecem as mudanças em nosso DNA é importante para o, cada vez mais crucial, campo da genética. Comparando os parâmetros de mutação entre localidades ou inclusive entre indivíduos, podemos decodificar muito mais informação sobre nossos males ou nosso futuro. Poderia ser inclusive empregado para datar molecularmente restos orgânicos e para aprofundar nas causas do câncer.

Agora que conhecemos o ritmo que avança o relógio da evolução, resta aguardar para ver se um dia seremos capazes de detê-lo ou resetá-lo.