Aplicativo baseado em algoritmo de reconhecimento de imagem coloca qualquer rosto em um vídeo pornô

A inteligência artificial alcançou um novo nível em relação a privacidade. A moda se chama deepfake, e consiste em colocar o rosto de pessoas conhecidas em vídeos pornográficos mediante algoritmos. O resultado é alarmantemente convincente e as aplicações de reconhecimento de imagem estão facilitando seu uso. A tendência não é nova, basta zapear as Imagens do Google para encontrar o rosto de mulheres famosas no corpo de atrizes pornô, mas agora a coisa ficou mais fácil com os algoritmos de Machine Learning.

O sucesso desses vídeos propiciou o aparecimento do FakeApp, um aplicativo que torna alarmantemente simples colocar o rosto de qualquer em um vídeo adulto. Para que um destas montagens resulte crível é preciso reunir muitas fotos ou vídeos da mesma pessoa. Infelizmente para a privacidade, isto não é excessivamente difícil hoje em dia. Basta usar alguma das aplicações que permitem baixar fotos ou vídeos de seus usuários nas redes sociais.

O seguinte passo é encontrar uma atriz pornô que tenha similitudes físicas com a vítima. De novo, para conseguir isto também não há que ir bem longe. Páginas como Pornstarbyface usam algoritmos precisamente para descobrir as atrizes de cinema que são clones de famosas.

O passo final é FakeApp, uma aplicação para Windows que usa todas as fotos da vítima para criar um vídeo pornô aparentemente protagonizado por ela. A aplicação até já tem tutoriais no YouTube. E basta dar uma passeio pelos fóruns e imageboards dedicado aos deepfakes para ver um monte de petições para criar vídeos pornô com tal ou qual pessoa. Amigas, chefes, colegas de classe, ex-namoradas...

O mais preocupante do assunto é que, como explicam em Wired, a nova tendência é legal. Na maior parte de países você pode acabar preso por publicar fotos nuas de uma pessoa sem seu consentimento, mas a coisa complica-se quando não se trata do corpo dessa pessoa, senão de uma montagem que, ademais, reconhece de antemão que assim é.

Se o falso vídeo pornô não tiver fins lucrativos pode ser acolhido como paródia por mais humilhante que seja para sua protagonista. O único recurso da vítima, por enquanto, é recorrer a seu direito à honra e acusar os autores de difamação, mas é um caminho longo e não necessariamente efetivo. Uma vez mais, os usuários da Internet empenham-se em mostrar-nos primeiro o pior uso possível da inteligência artificial.

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