A carta de Albert Einstein sobre OVNIs durante 'A Invasão de Washington'

Na noite de 19 de julho de 1952, ocorreu um incidente bizarro nos céus de Washington, capital dos Estados Unidos, que duraria até as primeiras horas da manhã de 20 de julho. Os controladores de tráfego aéreo observaram os objetos se materializarem em suas telas de radar e sobrevoarem a Casa Branca e o Capitólio -espaço aéreo restrito-. Os objetos se moviam de forma errática indo para a esquerda e para a direita, segundo diria mais tarde um dos controladores de tráfego aéreo. Eles sabiam que não era um avião, porque um avião voa em uma direção. Mas era um sinal forte, como um avião.

Um piloto da Capital Airlines relatou ter visto seis luzes em movimento rápido que - "...não tinham cauda, nenhuma forma reconhecível, apenas luzes brilhantes contra um céu escuro ao longo de 14 minutos." O radar da Força Aérea também captou os objetos, fossem eles quais fossem, mas eles desapareceram tão rápido quanto foram avistados. Vários jatos enviados para investigar também não encontraram nada.

Naquela época, os OVNIs eram um tema recorrente nos Estados Unidos, em parte graças a um artigo que apareceu em uma edição de abril de 1952 da revista LIFE intitulado "Temos visitantes do espaço?" O que estava acontecendo em na capital provaria ser o clímax do abalo de 1952 e colocou a obsessão por discos voadores em alta.

- "Objetos voadores não identificados explodiram na consciência pública e no imaginário popular", disse Mark Rodeghier, diretor científico do Centro de Estudos de OVNIs, ao New York Times em 2018. - "Havia preocupação de uma forma que você nunca tinha visto antes."

A imprensa sensacionalista foi à loucura: "ENXAME DE DISCOS VOADORES SOBRE A CAPITAL", estampavam manchetes sobre o incidente, que foi notícia em todo o país e no mundo.

Talvez essas manchetes tenham sido o que inspirou o pastor evangélico Louis A. Gardner a escrever ao físico Albert Einstein pedindo sua opinião sobre discos voadores. Ele acreditava que os discos vinham do espaço, especificamente Marte ou Vênus, mas Louis se perguntou se os OVNIs eram algum tipo de experimento de tecnologia militar criado pela Força Aérea dos EUA ou pelos inimigos da América?

Nesse ponto de sua carreira, Einstein era um dos cientistas mais renomados do mundo. Ele já havia divulgado sua teoria da relatividade geral, conquistado o Prêmio Nobel de Física, se manifestado contra o racismo na América e instado o ex-presidente Franklin Delano Roosevelt a prosseguir com a pesquisa nuclear, influenciando a criação do Projeto Manhattan. Um fato que ele viria a reconhecer arrependimento mais tarde.

E ele ainda estava realizando pesquisas no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, embora tivesse se aposentado tecnicamente em 1945.

Einstein era famoso e ocupado, então alguém poderia perdoá-lo se ele tivesse optado por não responder à pergunta de Louis. Mas ele respondeu, em 23 de julho de 1952, escrevendo em papel timbrado do Instituto de Estudos Avançados.

- "Caro senhor:", escreveu Einstein. - "Essas pessoas viram algo. O que é eu não sei e não estou curioso para saber. Atenciosamente, Albert Einstein."

Foi uma resposta interessante de um homem que normalmente defende a curiosidade.

- "O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir", disse certa vez. Na verdade, apenas alguns meses antes de Louis escrever para ele, Einstein disse a seu biógrafo:

- "Não tenho talentos especiais. Estou apenas apaixonadamente curioso."

Quaisquer que fossem suas razões para não estar curioso sobre o que exatamente as pessoas estavam vendo nos céus dos Estados Unidos, a resposta sucinta de Einstein a Louis foi notícia no país. algumas das histórias até apresentavam fotos de um Louis Gardner tonto segurando a carta.

Exatamente uma semana depois, nos dias 26 e 27 de julho mais OVNIs pairaram sobre Washington. O radar detectou até 14 objetos no céu. Um sargento da Base Aérea de Andrews viu - "...uma luz branca azulada se mover a uma velocidade incrível. Essas luzes não tinham as características de estrelas cadentes. Não havia rastros e pareciam sair em vez de desaparecer, e viajaram mais rápido do que qualquer estrela cadente que eu já vi."

A Força Aérea recebeu um recorde de 500 relatos de OVNIs naquele mês. Eles negaram que o que tinham visto fosse alguma nave deles e, finalmente, culparam o que aconteceu -que viria a ser conhecido como "A Invasão de Washington"- no clima e nos meteoros, mas os verdadeiros crentes, e aqueles que viram os fenômenos eles mesmos, não se convenceram.