Missão Chandrayaan-3 compartilha imagens do inexplorado polo sul da Lua

A nova corrida espacial agora centra-se no polo sul da Lua em busca de cavernas que possam albergar vida e de água gelada. Na semana passada os russos viram seus sonhos, de desenvolver uma tripulação permanente baseada na Lua com a China, desfeitos, depois que o módulo de pouso Luna-25, o primeiro da Rússia em 47 anos, se espatifou contra o solo lunar. A NASA também planeja pousar a missão tripulada Artemis 3 perto do polo sul no final de 2025 ou 2026, mas a única missão bem sucedida por enquanto é o do módulo de pouso Chandrayaan 3 da Índia que alunissou com sucesso em 23 de agosto.

A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (OIPE) compartilhou novas fotos e vídeos capturados por seu módulo lunar após o pouso bem-sucedido, uma ocasião importante que tornou a Índia o quarto país a pousar na Lua com sucesso e o primeiro a fazê-lo perto do polo sul lunar.

A missão Chandrayaan-3 enviou pela primeira vez imagens da Lua perto do início deste mês, após um lançamento bem-sucedido em 14 de julho. O orbitador entrou com sucesso na órbita lunar em 5 de agosto, e a missão então passou para o próximo estágio, preparando-se para colocar seu módulo de pouso, Vikram, na superfície lunar ao lado do rover da missão Chandrayaan-3, Pragyan.

A OIPE compartilhou inúmeras fotos e vídeos do Chandrayaan-3 desde que pousou na Lua. Os movimentos do rover Pragyan na superfície lunar são descritos como "quase encantadores" devido à maneira cautelosa como o rover se move.

O ponto de pouso da missão, agora conhecido como Ponto Shiv Shakti, é crítico por razões científicas. A missão Chandrayaan-3 teve como alvo o polo sul lunar e não será a última missão lunar a fazê-lo como dizíamos.

O polo sul da Lua é atraente para os cientistas porque ali existe água na forma de gelo. Este gelo é vital para a manutenção da vida, é claro, mas também tem potencial para servir como refrigerante para instrumentos de missão crítica. Pode até ajudar a criar combustível para foguetes, tornando a Lua um lugar útil para organizar uma missão a Marte.

É claro que o gelo na Lua também é interessante do ponto de vista científico e pode oferecer pistas sobre a história geológica da Lua.

Apenas os picos altos são iluminados pelo Sol no polo sul lunar. Outras áreas permanecem permanentemente na sombra, o que resulta em temperaturas tão baixas quanto -250 graus Celsius. Isto é ainda mais frio do que o distante Plutão.

Este gráfico acima mostra a distribuição do gelo na Lua. O polo sul é mostrado à esquerda, enquanto o pólo norte está à direita. Este gráfico demonstra a quantidade de gelo que se acredita existir no polo sul lunar e também destaca a topografia da região que a torna tão desafiadora como zona de pouso.


Uma missão anterior da OIPE, Chandrayaan-1, ajudou a localizar gelo na Lua em 2008 usando um instrumento científico fornecido pela NASA, o Mapaeador Mineralógico da Lua (M3). A missão Chandrayaan-2 deveria ser a primeira missão indiana a pousar com sucesso na Lua, mas acabou caindo devido a uma falha.

O pouso no polo sul lunar é difícil, principalmente devido à extrema escuridão da região. Os veículos de descida lunar dependem fortemente de câmeras a bordo para traçar um caminho seguro até a superfície, mas se a superfície estiver muito escura, é muito mais difícil ver os perigos.

O polo sul também é muito mais montanhoso do que muitas outras regiões da Lua, o que o torna ainda mais traiçoeiro. Escuro, acidentado, frígido e relativamente inexplorado, o OIPE realizou algo extraordinário com a sua missão Chandrayaan-3.