O Sri Lanka reveza com o Brasil no posto de quarto maior exportador de produtos de coco do mundo com valor agregado para o mercado global. Como o coco é uma parte essencial da alimentação diária do Sri Lanka, quase ⅔ da colheita é consumida localmente e o restante é exportado como ingredientes de valor agregado, alimentos e bebidas e produtos para casa e indústrias. De acordo com a demanda existente por cocos no Sri Lanka, a indústria do coco lá requer cerca de pelo menos 4,0 bilhões de frutos ao ano, mas o nível de produção é de apenas entre 2,8 e 3,0 bilhões de drupas. |
Como assim drupa? Coco é noz ou fruta? Cocos são irrefutavelmente difíceis de classificar, sobretudo porque são referidos como "noz de coco em inglês. Eles são muito doces e tendem a ser consumidos como frutas, mas, assim como as nozes, têm uma casca externa dura que precisa ser rachada.
Para entender se os cocos são frutas ou semente, é necessário entender as distinções entre essas duas categorias. Botanicamente, o fruto é a parte reprodutiva das flores de uma planta. Isso inclui seus ovários maduros, sementes e tecidos próximos. Essa definição inclui nozes, que são um tipo de semente fechada.
Pese que tenha a casca dura de uma noz, o coco é uma fruta, não uma semente. De fato, um coco se enquadra em uma subcategoria conhecida como drupas, que são definidas como frutas que possuem uma carne e sementes internas cercadas por uma casca dura. Isso inclui uma variedade de frutas, como pêssegos, peras e amêndoas.
De acordo com o Instituto de Pesquisas do Coco do Sri Lanka, o setor fornece meios de subsistência para cerca de 700.000 pessoas e empregos indiretos para outros 135.000. Até o ano de 2020, o país tinha cerca de 444.000 hectares de plantações de coco, dos quais 72.000 eram administrados por grandes empresas e o restante por pequenos e médios proprietários.
A maior parte das plantações de coco no Sri Lanka (quase 75%) pertence aos pequenos proprietários, enquanto o restante pertence ao setor imobiliário, onde tanto empresas privadas quanto governamentais detêm a propriedade.
Embora a contribuição do setor de pequenas propriedades para a produção anual total de coco seja de 70%, esse setor ainda não está bem organizado e, portanto, é administrado muito abaixo dos níveis ideais.
A indústria do coco ralado é uma das indústrias de processamento de alimentos mais importantes presentes na ilha. Mesmo durante o início dos anos 2000, havia mais de 66 instalações de produção de coco desidratado localizadas no triângulo de coco do Sri Lanka.
A capacidade de processamento de uma fábrica média varia de 30.000 a 40.000 frutos por dia, com uma produção industrial de cerca de 60.000 toneladas por ano. Atualmente, o Sri Lanka atende a apenas 8% da demanda de coco seco na UE, enquanto o país atende a 5% da demanda global de coco fresco e seco no mundo.
Um aumento potencial na produção anual de coco favoreceria a indústria de processamento de coco, em particular porque a escassez de frutos é um grande problema enfrentado por esta indústria, que é agravada por secas prolongadas. Quando as drupas são escassas, o preço tende a disparar, o que aumenta o custo de produção. As empresas do setor podem aumentar o volume de produção e exportação se a oferta de frutos for estável e o preço se mantiver razoável.
Os influenciadores de bem-estar ocidentais já apelidaram os cocos de novo superalimento, que não é. Com efeito consumir óleo de coco equivale ao mesmo que consumir manteiga ou banha de porco devido a sua quantidade de gordura saturada como assinalou um estudo da revista Nutrition in Reviews, publicada por cientistas do Instituto de Química da Nova Zelândia, demonstrando que aumenta o colesterol.
Mais? Karin Michels, uma epidemiologista da escola de saúde pública de Harvard, em Massachusetts, nos Estados Unidos, estima que o óleo de coco é veneno puro para a saúde por seu alto conteúdo em gorduras saturadas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares. A especialista assegurou que o produto é "uma das piores coisas que o ser humano pode colocar na boca" porque contém mais de 80% de gorduras saturadas, o dobro da banha de porco.
Mesmo que nutricionistas e cientistas não concordem que eles merecem o hype, as pessoas continuam devorando óleo de coco. Mas o que a demanda crescente significou para os produtores de coco? Bem, colher cocos é um trabalho perigoso. Agricultores arriscam suas vidas escalando palmeiras de 25 metros para colher os frutos. E os processadores enfrentam serras para remover as cascas incômodas. O canal do Youtube Insider Business visitou o Sri Lanka para ver como os produtores suportam o fardo das obsessões do Ocidente por superalimentos.
Outras indústrias à base de coco no Sri Lanka, como produtos à base da casca e da fibra de coco, não são tão afetadas pelo baixo rendimento do coco quanto a indústria de processamento de coco, porque as matérias-primas para seus produtos podem ser provenientes do coco usado para consumo doméstico. O problema é que há um bom suprimento de casca e fibra de coco mesmo fora do triângulo do coco, que implicam em desafios logísticos e de armazenamento a serem enfrentados na coleta dos mesmos, que acabam virando lixo. Isso também acontece no Brasil onde grande parte dos subprodutos do coco é incinerada nos locais onde se faz o descascamento dos frutos ou é jogada no lixo.
De fato, Brasil e Sri Lanka se revezam ano a ano no quarto lugar do ranking dos maiores produtores mundiais de coco. Entre os resíduos do coco, a casca, que é constituída pelo exocarpo e pelo mesocarpo, representa em torno de 57% do fruto, percentual que varia com as condições de clima e solo da região de cultivo, manejo da cultura e a variedade utilizada. Descarta-se, dessa maneira, uma quantidade significativa de material de alto valor para a indústria e para a agricultura. Vale ressaltar que este potencial é maior quando se considera o fato de que, após a retirada da água de coco, uma grande quantidade de casca de coco verde é descartada no meio ambiente, tornando-se casca seca.
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