![]() | Norte nem sempre significa "para cima" quando se trata de geofísica. Cientistas sabem há décadas que o norte magnético, um ponto antes localizado no Canadá Ártico, está se movendo em direção à Sibéria. E o norte magnético é diferente do norte geográfico, um lugar onde todos os meridianos de longitude se cruzam no Hemisfério Norte. Mas mesmo esses fatos não explicam por que os mapas modernos sempre apresentam o norte no topo, pois não há nada nerentemente ascendente no norte a não ser que cerca de 68% da terra do planeta está no hemisfério norte, enquanto apenas 32% estão no sul. |

Alguns mapas egípcios antigos colocavam o sul no topo; na Europa medieval, os cartógrafos cristãos tendiam a dar essa distinção ao leste, já que era preciso virar para lá para encarar Jerusalém.
Outros colocavam o leste no topo por causa do sol nascente -é por isso que nos "orientamos"-. E os primeiros colonizadores às vezes usavam mapas com o oeste no topo, porque essa era a direção em que costumavam viajar.
Se alguém é responsável pelo foco norte dos mapas, é o astrônomo, geógrafo e cartógrafo grego Cláudio Ptolomeu. Sua "Geographia", escrita no século II d.C., apresentava um mapa do mundo conhecido com o norte no topo.
Não está claro por que ele o posicionou dessa forma, mas pode ser que a Biblioteca de Alexandria, onde ele realizou suas pesquisas, simplesmente não tivesse muitas informações sobre o Hemisfério Sul.
Estudiosos renascentistas reviveram a obra de Ptolomeu e, nessa época, o fenômeno do norte magnético já havia sido descoberto, tornando seu layout ainda mais atraente para os cartógrafos.
O polo norte magnético, no entanto, só foi localizado em 1831. Em uma expedição desastrosa ao Ártico em busca da Passagem Noroeste, o explorador britânico James Clark Ross descobriu o polo -o ponto onde a agulha de uma bússola em um eixo horizontal aponta diretamente para baixo- na costa oeste da península de Boothia, no Canadá.
- "Deixo para outros imaginarem a alegria com que nos encontramos agora que finalmente chegamos a este grande objetivo de nossa ambição", escreveu James. - "Nada nos restava a não ser voltar para casa e sermos felizes pelo resto de nossos dias."
Dito isso, ainda que o mapa-múndi invertido com o Brasil no centro lançado pelo IBGE no mês passado pareça uma bizarrice, efetivamente não é. As críticas parecem se focar mais na figura polêmica do bocó-de-mola presidente do instituto.

O mapa, por sua vez, é geograficamente correto. Mapas são meios de comunicação que, ao longo da história, várias convenções foram tomadas como verdades ou como padrão e foram pouco questionadas. Quando surgiu esse mapa-múndi clássico, em que a Europa está no centro, é um contexto em que a gente estava falando da expansão marítima europeia com suas invasões.
Ele tinha o intuito de orientar as navegações. É uma visão eurocêntrica. Quando a gente consolidou o sistema de ensino nos séculos 19 e 20, adotamos esse mapa como padrão que acabou sendo inserido no sistema escolar. Virou o mapa oficial. Só que não há apenas essa maneira de representar o mundo. Essas escolhas dependem da visão de mundo do cartógrafo.
Se um cartógrafo decidir criar um mapa com Japão no centro não há problema algum. Isso é uma prática válida e comum, especialmente um mapa regional. Permite uma fácil identificação da área e pode ajudar a enfatizar a importância daquela região no mapa.
Não há nenhuma questão técnica ou regra cartográfica que impeça a centralização de qualquer país em um mapa. desde que respeitados os limites geográficos.
Lógico, embora a centralização seja simples, o cartógrafo precisaria escolher uma projeção de mapa adequada para representar com precisão opaís e seus arredores. Projeções comuns para regiões de latitudes médias incluem a Cônica Conforme de Lambert ou outras que minimizam a distorção.
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