Será que fabricam óculos de leitura para bonobos mais velhos?

Você pode ter dificuldade para enxergar as letras pequena da tela do computador à medida que envelhece, mas não somos os únicos primatas que sofrem com o declínio da visão à medida que envelhecemos. A descoberta, publicada na revista Current Biology, desafia a ideia de que vivemos mais após o fim de nossas vidas reprodutivas do que outros primatas porque somos fisicamente mais robustos. Ainda assim, é um pouco estranho e engraçado ver bonobos envelhecidos usando óculos de leitura.

Eles não precisam decifrar as letras miúdas das bulas de remédio, mas precisam encontrar os piolhos minúsculos no pelo um do outro para que possam cumprir sua tarefa de higiene familiar e de vizinhança, além de fazer um lanche.

Heungjin Ryu e colegas da Universidade de Kyoto, no Japão, e da Universidade de St. Andrews, na Escócia, registraram 14 bonobos se despiolhando na Reserva Científica Luo, na República Democrática do Congo, onde os primatas participam de um estudo de décadas.

Como relatam os cientistas, os vídeos mostram que a distância entre as limpezas aumenta com a idade, da mesma forma que acontece nos humanos. As pessoas, é claro, geralmente estão lendo, costurando ou tentando amarrar pequenas iscas artificiais na ponta de uma linha de pesca.

Para os primatas, a habilidade de se limpar, uma habilidade consagrada pelo tempo que os pais de crianças em idade escolar com piolhos conhecem muito bem, impõe exigências semelhantes aos olhos.

piolhos minúsculos no pelo um do outro para que possam cumprir sua tarefa de higiene familiar e de vizinhança, além de fazer um lanche.

Heungjin disse que o que parecia ser vista cansada (presbiopia) em bonobos mais velhos já havia sido observado antes, mas não rigorosamente estudado. Ele e seus colegas decidiram observar mais de perto.

A presbiopia, é causada pelo endurecimento gradual do cristalino e pelo enfraquecimento dos músculos ao redor dele, o que torna mais difícil focar objetos próximos.

Os cientistas sabiam as idades dos bonobos que estavam registrando, então só precisavam obter medidas precisas de distância. Fizeram isso primeiro fotografando as orelhas de cada animal e, em seguida, fotografando uma régua à mesma distância. Isso permitiu que calculassem o comprimento da orelha, que usaram para calcular a distância do olho ao piolho.

Os cientistas descobriram que a distância de limpeza não mudava com base no gênero dos bonobos ou em seu parentesco. Mas mudava com a idade de forma muito semelhante à da visão humana. Do final dos 30 aos 40 anos, a distância de limpeza aumentava consideravelmente.

Os bonobos são tão próximos de nós quanto os chimpanzés, portanto, a semelhança, embora impressionante, era de se esperar.

No entanto, a divisão evolutiva que levou, de um lado, aos grandes primatas, incluindo bonobos e chimpanzés, e, de outro, aos seres humanos, ocorreu há milhões de anos, então havia bastante tempo para mudanças.

Por exemplo, em uma nota lateral estranha no artigo publicado, os autores apontaram que outro sinal de envelhecimento em humanos não aparece nos bonobos. As orelhas humanas ficam mais longas à medida que envelhecemos. As orelhas dos bonobos, não.