![]() | A Crocs conseguiu introduzir calçados de borracha nas passarelas, colaborou com marcas de luxo e alguns modelos exclusivos são vendidos por preços exorbitantes. Ninguém parece se importar com o óbvio: eles são feios. Confortáveis? Com certeza. Bonitos? Nem de longe, mas se tornou um fenômeno global da moda. Fundada em 2002, a empresa começou a vender Crocs Beach. São os Crocs clássicos que todos conhecemos: de borracha, macios e antiderrapantes, perfeitos para quem gosta de andar de barco. |

O conforto deles levou outros trabalhadores a começar a usá-los, especialmente aqueles que passavam longas horas em pé. Poderia ter permanecido assim, e os Crocs ainda seriam um calçado de trabalho confortável. Sabemos que não foi o caso.
Em 2006, a Crocs abriu o capital, levantando US$ 208 milhões, a maior oferta pública inicial de uma empresa de calçados até então. No mesmo ano, adquiriu a Jibbitz, empresa que criou os primeiros pingentes que se encaixam nos buracos dos tamancos, por US$ 10 milhões. A Crocs começou a ganhar reconhecimento mundial e foi além do ambiente de trabalho para a vida cotidiana.
A alegria durou pouco, e a crise financeira de 2008 atingiu duramente a empresa, levando-a à beira da falência. Nos anos seguintes, a empresa teve que fechar muitas lojas e reduzir seu catálogo para sobreviver.
A mudança não aconteceu da noite para o dia, mas talvez o ponto de virada tenha ocorrido em 2016 , quando o estilista Christopher Kane calçou suas modelos com Crocs na Semana de Moda de Londres.
Não eram Crocs comuns; eram marmorizados e decorados com cristais. Mas ainda eram Crocs, e estavam na passarela. O que parecia uma provocação única foi apenas o começo.
Um ano depois, a polêmica marca de moda Balenciaga disse "segure minha cerveja que preciso ver um troço aqui rapidão" e desfilou na Semana de Moda de Paris usando Crocs com plataforma de 10 centímetros.
De repente, a Crocs ficou ousada, ficou estilosa. Ela colocou o conforto acima de tudo. Vimos isso acontecer com outras tendências, como a Labubu: as celebridades desempenharam um papel fundamental na aceitação em massa dos Crocs.
Celebridades começaram a sair às ruas com seus Crocs e muitas lançaram colaborações. A primeira foi Drew Barrymore em 2018, seguida logo depois por Post Malone, que esgotou todos os pares em um único dia.
Houve muitos outros desde então: Justin Bieber, Bad Bunny, SZA... De repente, os Crocs eram ousados, eram descolados. A ideia era colocar o conforto acima de tudo.
Usar Crocs virou um ato de rebelião. Sim, são tamancos feios, e daí? Este artigo brilhante fala sobre a necessidade humana de se destacar da multidão, e os Crocs ofereciam exatamente isso: ser o estranho, aquele que não se encaixa.
As colaborações com marcas e celebridades foram um grande impulso, mas o sucesso da Crocs vai muito além. A aquisição da Jibbitz foi um golpe de mestre, introduzindo o elemento da personalização: você não apenas compra o produto deles, você o torna seu com aqueles pequenos pingentes. Não é só que eles são incrivelmente confortáveis; são uma forma de expressão.
Além das colaborações com artistas e designers, há outras como a recentemente anunciada colaboração com a Nintendo e seu jogo Animal Crossing, a com a Barbie e a com o Pokémon, para citar apenas algumas. É assim que a Crocs estabelece uma conexão emocional e fideliza os clientes.
O fato da Crocs estar à beira da falência torna sua história ainda mais épica. Em 2020, já recuperada do golpe, a empresa faturou US$ 1,39 bilhão, o que não é nada mal, mas não foi nada comparado ao que estava por vir.
A pandemia levou à adoção de um estilo de vida mais casual e, em 2021, a Crocs experimentou um crescimento explosivo, atingindo US$ 2,31 bilhões em receita, ou o que é o mesmo: um crescimento de 67%.
Não pararam por aí e, em 2022, subiram para US$ 3,55 bilhões, um aumento de 53%. Em 2023, a tendência se estabilizou em US$ 3,96 bilhões e, em 2024, terão se estabeleceram acima de US$ 4 bilhões.
Outro fator-chave para o crescimento é a diversificação do catálogo. Quando pensamos em Crocs, todos pensamos no modelo clássico, mas nos últimos anos o catálogo da marca cresceu significativamente e, mantendo a essência do original, conseguiu expandir seu público e alcançar mais pessoas, aumentando assim suas vendas.
E não podemos esquecer outro fator-chave: a margem de lucro. De acordo com os últimos resultados, a margem é de 61,7%. Ou seja, de cada US$ 100 que ganham, ficam com US$ 61,7. Nada mal.
É necessário salientar que o material usado nos caçados não é propriamente borracha ou plástico, como todo mundo pensa. Se trata de um produto chamado cross light, um material de resina de célula fechada que fornece as características positivas de seu calçado e por torná-los macios confortáveis e leves ao mesmo tempo em que evita marcas absorve odores.
Os proprietários da Crocs compraram a patente e adquiriram os direitos do processo de fabricação de uma empresa caribenha em 2004 e assim garantiram direito exclusivo de uso do cross light.
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