Por que, contrário a maioria dos vertebrados, paramos de crescer após a puberdade?

Você já deve ter reparado que peixes, anfíbios e répteis, na verdade, quase todos os vertebrados, crescem ao longo de toda a vida; geralmente continuam se desenvolvendo até morrer. Já os humanos, por volta dos 20 anos, simplesmente param de crescer, ou pelo menos de altura. Por que paramos de crescer no meio da vida? Podemos pensar na questão de por que os humanos param de crescer, assim como muitas outras questões sobre o mundo ao nosso redor, de duas maneiras.

Por exemplo, em um nível individual, o que realmente impede que nossos ossos se alonguem em algum momento crítico? Mas também, em uma escala maior, por que os humanos param de crescer em um determinado ponto, enquanto outros animais não?

Vamos começar pelo primeiro ponto. Muitos ossos possuem camadas especiais de células em cada extremidade, conhecidas como "placas de crescimento"; essas células estão constantemente se dividindo e se transformando em osso novo.

É isso que faz você e, digamos, um jacaré crescerem. E, no caso do jacaré, esse crescimento continua por toda a vida. Mas, nos humanos, após a puberdade, nossos corpos liberam hormônios como o estrogênio que endurecem nossas placas de crescimento permanentemente, transformando-as em placas que "não crescem mais".

A genética também desempenha um papel crucial na determinação da altura final do corpo na idade adulta, que é definida por um código genético pré-programado. Isso é o que define se uma pessoa tem tendência a ter uma estatura grande, mediana ou pequena.

Ocasionalmente, algum problema médico, como um desequilíbrio hormonal, pode impedir que esse processo normal aconteça; é assim que as pessoas mais altas que já existiram, como Robert Wadlow, com quase três metros de altura, atingem suas estaturas impressionantes.

Mas, supondo que tudo funcione como deveria, o endurecimento das placas de crescimento fazem com que você não possa crescer mais.

No entanto, vamos contemplar a questão maior de por que todo esse processo de interrupção do crescimento acontece em nós, humanos. Isso tem a ver com o fato de que os humanos, assim como outros mamíferos e aves, são criaturas que consomem muita energia.

Nosso metabolismo acelerado nos permite correr, nadar ou voar, longas distâncias, mas exige muita energia para se manter, mesmo quando estamos em repouso. E queimar toda essa energia produz muito calor.

E, como você deve se lembrar, à medida que um animal cresce, seu volume, e consequentemente a quantidade de calor que produz, aumenta muito mais rápido do que sua área de superfície, a área necessária para dissipar esse calor.

Ficar muito grande nos consumiria, então faz sentido que exista um processo biológico que limite nosso crescimento. Mas outros vertebrados, como os jacarés, têm metabolismos muito mais lentos que não queimam muita energia na maior parte do tempo.

Mesmo à medida que crescem, e sua área de superfície relativa diminui, eles geralmente conseguem dissipar a quantidade limitada de calor que seus corpos produzem. E como ser grande traz muitos benefícios, eles podem muito bem continuar crescendo ao longo da vida.

Talvez maior fosse melhor para nós, humanos, também. Afinal, seria ótimo poder alcançar a fruta mais alta da árvore ou trocar lâmpadas sem precisar de uma escada, ou algo assim. Infelizmente, não aguentamos o calor.