![]() | O genocídio armênio também conhecido como holocausto armênio, foi o extermínio sistemático pelo governo otomano de seus súditos armênios, minoritários dentro de sua própria pátria histórica, que se encontra no território que constitui a atual República da Turquia. O número total de pessoas mortas como resultado do genocídio é estimado entre 800 mil e 1,8 milhão. O dia 24 de abril de 1915 é considerado a data de início dos massacres, quando executaram cerca de 250 intelectuais e líderes comunitários armênios em Constantinopla. |

Os armênios deviam se reunir em frente a um prédio do governo, por ordem das autoridades. Eles eram assassinados logo na saída da cidade.
A verdade é que no século XIX, os armênios cristãos no Império Otomano viviam como cidadãos de segunda classe. Pagavam impostos desproporcionadamente, eram proibidos de testemunhar
nos tribunais otomanos, e eram atacados com frequência pelas tribos curdas locais.
Em 1878, ativistas armênios negociaram um tratado para efetuar reformas, mas o sultão Abdul Hamide II recusou cumprir essas promessas. E quando o movimento de resistência armênio começou a formar-se, o sultão tomou uma ação decisiva.
Entre 1894 e 1896, efetuou os Massacres Hamidianos, uma campanha implacável de violência, que tirou a vida a mais de 150.000 armênios.
Estes massacres foram o ápice de séculos de opressão dos armênios. Porém, foram também o início de uma tragédia ainda maior: um genocídio escondido por conta da I Guerra Mundial, que incluiu a deportação, a islamização forçada, e o assassinato em massa de cerca de um milhão de armênios.
Enquanto um dos povos mais antigos habitantes desta região, os armênios eram inicialmente um coletivo de tribos, que viviam em paz nas montanhas da Ásia Ocidental.
Por volta do século VI a. C. estas tribos viviam em uma só nação, chamada Armênia, que, ao longo dos 2000 anos seguintes, foi controlada por diversos líderes locais e invasores.
Mas fosse quem fosse que governasse a sua pátria, a devoção ao cristianismo manteve-se uma parte vital da sua identidade étnica, apesar dos vizinhos adotarem o islamismo cada vez mais.
Onde se situa hoje o leste da Turquia, os armênios cristãos dividiram a área com os curdos muçulmanos, durante séculos, até que povos de língua turca invadiram a região.
Quatro séculos depois, os turcos otomanos reclamaram essas comunidades, como fazendo parte do grande Império Otomano.
Embora a preferência sistemática do império pelos muçulmanos, tornasse difícil a vida dos armênios, gregos e judeus, no final do século XIX, as elites armênias educadas conseguiram ocupar posições de importância, na sociedade, no comércio e no governo.

Cadáveres de armênios ao lado da estrada era uma visão comum ao longo das rotas de deportação, em 1915.
Contudo, este aumento de influência tornou-se uma fonte de insatisfação, e muitos otomanos muçulmanos achavam que os armênios iriam acabar por trair o império para formar o seu estado independente. Esta crença foi o que, em parte, levou Abdul Hamide a iniciar os Massacres Hamidianos.
Felizmente, os armênios otomanos que lutavam contra as forças do sultão, não estavam sozinhos. Os armênios da vizinha Rússia, tinham fundado, pouco antes, duas organizações de resistência, que ofereciam um porto seguro aos refugiados, e forneceram armas às aldeias cercadas.
Por fim, em abril de 1909, o sultão foi deposto, na sequência da Revolução dos Jovens Turcos. Mas, apesar das promessas iniciais, este novo governo também não conseguiu aprovar reformas significativas.
Uma segunda série de massacres devastou a população armênia, e a era da guerra internacional que se aproximava, anda piorou as coisas.
Durante a I Guerra dos Balcãs, milhares de refugiados muçulmanos, foram enviados para o reduto armênio de Anatólia, aprofundando mais ainda as tensões entre cristãos e otomanos muçulmanos.
No primeiro inverno da I Guerra Mundial, o general otomano Enver Paxá, um comandante medíocre. tentou cercar forças russas da oposição, enviando as suas tropas de 100 mil homens através das montanhas geladas no Cáucaso, perdendo 86% de sua força na Batalha de Sarecamixe.

Soldados russos fotografados na antiga vila armênia de Sheykhalan, perto de Mush, em 1915.
Quando o resto dessa unidade morreu de frio, Enver Paxá, atribuiu esse desastre à "traição armênia", e ordenou o desarmamento imediato de todos os não-muçulmanos.
Esta decisão mandou muitos armênios das linhas da frente de uma guerra exterior, para as trincheiras de uma guerra interior.
Em 1915, os otomanos exerciam. contra os seus cidadãos armênios, uma violência maior do que contra qualquer exército inimigo.
Nesta altura, o nacionalista turco Talat Paxá, tinha-se tornado o verdadeiro líder do Império Otomano, e ordenou a deportação de todos os armênios na Anatólia do leste, por razões de segurança nacional.
A nova legislação de Talat, permitiu que a propriedade e as empresas armênias fossem confiscadas, por necessidade da guerra, e os armênios saudáveis foram regularmente mortos, para reduzir a possibilidade da resistência.
A maioria dos armênios foram encaminhados, para campos de concentração no deserto sírio, onde estavam sujeitos regularmente a roubos, raptos e violações.
As poucas mulheres e crianças que escaparam à deportação, foram forçadas a converterem-se ao Islã.
Os turcos no poder consideravam que a identidade muçulmana, era a base fundamental da sua visão para o império, por isso os jovens armênios que escapavam eram colocados em orfanatos, para serem doutrinados com cultura e tradições muçulmanas.
As crianças e mulheres que resistiam eram sujeitas a violências e tortura. Quando a maioria dessas mortes terminou em 1916, calculou-se que a população dos armênios otomanos, tinha sido reduzida de um milhão e meio para uns 500 000 talvez.
Nas décadas que se seguiram, muitos dos armênios restantes dispersaram-se pelo globo. Famílias que emigraram para o leste da Rússia, talvez tenham acabado por ser incorporadas na nação moderna da armênia, que se tornou independente em 1991.
Mas até hoje, o governo turco nega a ocorrência deste genocídio. A história oficial do governo reconhece a violência, mas define as ações dos otomanos como "medidas necessárias", e as mortes dos armênios como uma infeliz consequência da guerra.
Nos últimos anos, alguns historiadores turcos refutaram esta posição, e começaram a escrever sobre este período com menos medo de represálias.
Até o momento, pouco mais que três dezenas de países, incluindo o Brasil, reconheceram oficialmente os assassinatos em massa como um genocídio, uma visão que é compartilhada pela maioria dos estudiosos e historiadores deste período histórico.
Na defesa da justiça, muitos armênios e organizações sem lucros lideradas por armênios, trabalham incansavelmente para o reconhecimento deste genocídio, e para a responsabilização dos culpados.
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Comentários
Penso que os turcos não assumem o genocídio, pois fora do governo otomano..... mas é só desculpa.... Na região do Ararat ainda tem muitas igrejas em ruínas, provas desta época.