Que tal fugir do mundo em uma ilha deserta na Irlanda?

A Grande Blasket é a principal ilha do arquipélago das Blaskets, no Condado de Kerry, Irlanda. Foi lar de uma pequena comunidade de pescadores que falavam irlandês até ser abandonada em 1953, quando a vida ali se tornou insustentável. Ela foi habitada intermitentemente durante séculos. A referência mais antiga conhecida a pessoas vivendo na ilha data do início do século 18. Na década de 1840, estimava-se que uma população de cerca de 150 pessoas vivia na ilha. Era o assentamento mais ocidental da Irlanda, com os ilhéus vivendo principalmente em cabanas primitivas.

Eles subsistiam principalmente da pesca, complementando sua dieta com batata, aveia, caça de coelhos e ovos de pássaros que nidificavam na ilha; devido à falta de madeira, eles tinham que usar turfa como combustível.

Por volta de 1909 e 1910, o Conselho de Distritos Congestionados construiu cinco propriedades para melhorar o parque habitacional da ilha. Uma casa de hóspedes de dois andares foi construída posteriormente.

A vida na ilha era muito difícil e o desejo de emigrar era forte, acabando por se tornar o golpe de misericórdia para a ilha. Durante a Segunda Guerra Mundial, a escassez de açúcar, sabão, chá, parafina, tabaco e farinha/pão intensificou ainda mais esse desejo.

O mau tempo representava um perigo constante. Em abril de 1947, a ilha ficou isolada do continente durante semanas devido às intempéries. Os habitantes da ilha enviaram um telegrama ao Taoiseach (primeiro-ministro), Éamon de Valera, solicitando urgentemente suprimentos, que chegaram dois dias depois por barco.

A ilha foi habitada até 1954, quando o governo irlandês decidiu que não podia mais garantir a segurança da população remanescente, que estava diminuindo rapidamente.

Em 2014, uma empresa, The Great Blasket Island Experience , começou a renovação das propriedades do Conselho de Distritos Congestionados na ilha para aluguel durante a temporada de verão.

A empresa recruta dois zeladores anualmente para administrar durante 6 meses as instalações de acomodação e café, onde vivem sem eletricidade, água quente e outras comodidades modernas, em condições semelhantes às que os ilhéus enfrentavam.

Essa experiência de vida à moda antiga atraiu significativa atenção da mídia para o cargo e a Grande Blasket voltou às manchetes com dezenas de milhares de candidaturas nos últimos anos.

Em 2023, ais de 23.000 candidaturas foram recebidas para uma vaga de emprego na Ilha. O trabalho tem duração de abril a outubro e os candidatos selecionados ficam responsáveis por três casas de hóspedes e pela cafeteria na ilha.

Toda a ilha -que foi o lar de Peig Sayers, conhecida por milhares de estudantes do ensino médio que faziam o exame de irlandês- tem 6 km de comprimento e, tecnicamente, ninguém mora lá permanentemente, mas recebe visitantes.

A vaga é para um casal ou dois amigos que estejam dispostos a morar juntos. Em um publicação na página do Facebook da Great Blasket Island dizia :

- "Estamos extremamente impressionados com a resposta à vaga de emprego para o café e acomodação da Grande Blasket", escreveram os administradores da ilha em um comunicado. = "Estávamos preocupados em não encontrar ninguém disposto a deixar o emprego, fazer as malas e se mudar para uma ilha varrida pelo vento, sem eletricidade ou água quente, no meio do Atlântico. Mas até o momento, recebemos mais de 23.000 inscrições. Se conseguíssemos que todos os inscritos se hospedassem por pelo menos uma noite, teríamos lotação máxima pelos próximos 30 anos."

Habitada desde a pré-história, a ilha tem vista para o local onde vários navios da Armada Espanhola naufragaram. A pequena comunidade agrícola e pesqueira chegou a ter mais de 150 habitantes no início do século XX, mas havia diminuído consideravelmente quando a ilha foi desocupada em 1953.

A antiga vila acima de Trá Bán (Praia Branca) está situada no lado nordeste da ilha, de frente para o continente.

No ano passado, os administradores também anunciaram as duas vagas disponíveis e ficaram surpresos com o nível de interesse. Este ano, o interesse superou as expectativas, com candidatos do mundo todo, incluindo Austrália, Brasil, Estados Unidos, Grécia, Oriente Médio e Ásia.

A ilha não tem uma comunidade há quase 70 anos, mas continua viva. Hoje, os turistas percorrem seus caminhos bem cuidados. Não há muita conversa, mas, em vez de estarem grudados em seus celulares, eles estão fascinados pela vista, pela vegetação, pelos animais, pelas construções, pelas ruínas.

Acampar na Ilha Grande Blasket é gratuito, mas há custos com a travessia de ferry (entre 180 e 300 reais) hospedagem em chalés e refeições (uns 350 reais a diária), lembrando que as casas não possuem eletricidade, internet ou água quente e são alugadas sazonalmente.