Como um macaco-prego reage quando nota que está sendo prejudicado?

Em 2015, Frans de Waal, professor de comportamento de primatas na Universidade Emory, se tornou a improvável estrela de um vídeo viral. Seu físico de acadêmico, suéter cinza e óculos não eram exatamente o que se espera de uma sensação do YouTube, mas sua pesquisa com macacos e suas implicações para a natureza humana cativaram a imaginação de milhões de pessoas. Em conjunto com a primatologista Sarah Brosnan, eles buscaram explorar as origens evolutivas da cooperação humana e as respostas emocionais à desigualdade social.

Tudo começou com uma palestra do TED na qual Frans mostrou os resultados de um experimento que envolvia pagar dois macacos de forma desigual. Macacos-prego que viviam juntos foram levados para gaiolas vizinhas e treinados para entregar pequenas pedras em troca de recompensas alimentares. Os pesquisadores descobriram que um macaco típico entregava alegremente pedra após pedra quando era recompensado com uma fatia de pepino a cada troca.

Mas os macacos-prego preferem uvas a fatias de pepino. Se os pesquisadores pagassem um dos macacos com uvas em vez de pepino, o macaco na gaiola vizinha, que antes trabalhava feliz em receber pepino, ficava agitado e se recusava a aceitar o pagamento em fatias de pepino. O que antes era aceitável logo se tornou inaceitável quando ficou claro que um vizinho estava recebendo uma recompensa melhor pelo mesmo esforço.

O ponto alto do vídeo é quando o macaco mal pago atira o pepino no assistente de laboratório que tenta oferecê-lo como recompensa.

Não é preciso ser psicólogo para saber que os humanos podem se sentir muito como o macaco mal pago. A injustiça dói. Esses resultados e outros semelhantes, argumenta Frans, mostram que os sentimentos morais fazem parte de nossa herança biológica, uma consequência de uma vida ancestral dominada pela convivência igualitária em grupo, e pela necessidade de harmonia entre os membros do grupo.

Essa é uma teoria, e o resultado de Frans definitivamente mostra que nossos primos evolutivos, os macacos, são fortemente influenciados por comparações sociais. Mas o experimento não fornece evidências robustas de que os macacos desejam justiça. O macaco menos remunerado fica irritado, mas não temos evidências de que o macaco mais bem remunerado esteja satisfeito com a situação. Em humanos, por outro lado, podemos encontrar evidências mais fortes de que um instinto de justiça pode estar presente na psique até mesmo dos mais competitivos.