Por que somos tão diferentes na grande rede?

Hoje em dia é moeda corrente acumular diferente perfis em sites da Internet. Nossa identidade na rede é determinada por um conjunto de avatares, campos de formulário e parágrafos de biografia (Quem sou eu?), que acompanham os conteúdos que nutrimos diariamente. Mas será que isso reflete quem realmente somos?

O mundo (real) em que vivemos fomenta o isolamento e o individualismo: dia após dia relacionamo-nos com pessoas que não conhecemos, usando o mínimo de comunicação possível para cumprir nossas metas e continuar. Assim é o sistema, assim é como somos. No entanto, na Internet acontece quase exatamente o oposto: somos verborrágicos, abertos, dispostos a conhecer novas pessoas e suas ideias. Em alguns casos, as pessoas são bem mais amáveis ou bem mais hostis do que em sua vida diária. Isto me leva a perguntar o por que desta dualidade, por que não podemos equilibrar nossas ações entre ambos os mundos, quando ao final somos aquela mesma pessoa de sempre?

Talvez a Internet represente um portal para quem queremos ser em nossa rotina diária de trabalho e atividades pessoais, e possivelmente isto explique o porque algumas pessoas sofram tanto a abstinência da rede, quando não estão conectados criando e fortalecendo grupos, culturas e ritos ao redor de coisas que só existem no mundo digital. Não quero ser mal interpretado: a rede pode ser (e é) um lugar muito bom para criar vínculos muito valiosos e isso não tem preço, mas também é um centro de anonimato para tudo o que é reprimido no exterior, um canto onde algumas pessoas vem descarregar sua mágoas.

Em um artigo do site que fala sobre uma adolescente britânica gorda, jovens e crianças destilam tanta maldade (mas tanta maldade) em forma de comentários que costumo ficar enjoado. É incrível a quantidade de insultos que vejo e leio todos os dias e custo a acreditar que as pessoas sejam tão mal humoradas e sem o mínimo de educação no seu dia a dia. Exatamente por isso nos vemos obrigados a agudizar os filtros de comentários e que os nervosinhos pensem que, antes de saírem vomitando insultos, comentar no MDig é, antes de ser um direito, um privilégio, o previlégio de fazer parte de um grupo de amigos que moram no mesmo beco virtual.

Por sorte, acho que a Internet vem aos poucos se humanizando: a chegada das redes sociais deixa em exposição não somente o que queremos mostrar, senão também o que não queremos e a quem não queremos mostrar. Não creio que seja o fim de nossa privacidade, senão o início de uma comunhão entre nossa pessoa real e virtual, até o momento em que deixaremos de jogar Paciência sozinhos e começaremos a converter a rede em um meio muito mais agradável e amigável, não em uma lente que deforma nossa realidade.

E você, como prefere que funcione a Internet, ou melhor, como você vive a Internet?