Há 50 anos da comprovação de que era possível sobreviver uma viagem ao espaço

Dias atrás voltei a falar de Laika, a cadelinha que foi um marco da corrida espacial. E me esqueci, na última quinta, de falar das duas primas menos famosas de Laika. Três anos depois do triste destino de Laika, Belka e Strelka também viajaram ao espaço na companhia de 40 camundongos, 2 ratos, algumas moscas, um coelho e algumas plantas e fungos a bordo do Sputnik 5.

Surpreendentemente para os russos e para o resto do mundo, todos voltaram vivos a Terra, demonstrando que era possível sobreviver fora do planeta.

O Sputnik 5 foi lançado em 19 de agosto de 1960 e literalmente pavimentou o caminho para o primeiro voo orbital humano, que teve como protagonista, como todos sabemos, Yuri Gagarin no ano seguinte, em abril de 1961.

Até aquele momento, o que existia para além da atmosfera terrestre parecia um lugar impossível de ser suportado por qualquer coisa viva, e a experiência de Laika, que morreu pouco depois da decolagem, não ajudava às expectativas.

Mas o Sputnik 5 finalmente mudou as coisas, e de repente o espaço não era mais um lugar mortal. Era possível sobreviver por lá. Belka e Strelka converteram-se em heróis nacionais -até se tornaram personagens de desenho animado-, ainda que ninguém sabe o que aconteceu com o coelho cinza, os ratos e as moscas. Uma das filhas de Strelka foi presenteada ao presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, como sinal de paz na Guerra Fria -na minha opinião foi mais um escárnio do tipo: "Olha o que conseguimos e vocês não!"-.

A cápsula na qual os animais viajaram tinha um placa que advertia a quem a encontrasse a não abri-la. Ninguém sabia o que poderia acontecer com os animais; quem sabe se não seriam transformados em perigosos mutantes com raios interestelares? E ainda que não fossem mutantes, o mais provável é que estivessem incrivelmente assustados.

Seja como for, o Sputnik 5 marcou uma meta e na última quinta completou 50 anos de uma viagem que merece ser recordada.

Fonte: AP.