Japonês é tudo igual?

Quando ouvimos a expressão "tudo igual" é difícil evitar o adágio popular: "Tudo igual é um caminhão cheio de japoneses". para referir que todos tem a mesma cara e que ademais se chamam Kato, mas até que ponto isto é verdadeiro? Existe maior homogeneidade fisionômica entre os asiáticos? Uma das explicações para o "efeito de outras raças" (ORE, segundo suas siglas em inglês) é que os traços dos asiáticos são muito diferentes dos ocidentais e por isso, ao não estarmos acostumados a eles, não podemos processar com exatidão suas características faciais.

Crê-se que nossa percepção é mais aguçada entre os membros da etnia à qual pertencemos que entre os membros de outras etnias, assim como todos os chimpanzés, por exemplo, nos parecem essencialmente iguais.

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel diz em seu site que o nosso cérebro guarda padrões dos rostos que ele vê durante sua vida, de forma que alguém criado em um ambiente onde só existem determinados padrões de rostos vai ter uma maior capacidade de perceber as diferenças entre os rostos daquela etnia. É isso que permite que identifiquemos um japonês na multidão, mas não sabemos quem é quem em um caminhão cheio de japoneses.

Para confirmar esta tese, o psicólogo estadunidense Hans Lukas Teuber, experiente nos mecanismos cerebrais do reconhecimento facial, propôs a seguinte hipótese:

Nossa (relativamente) recente saída da África e conseguinte diáspora levou-nos a uma variedade extraordinariamente ampla de habitats, climas e modos de vida. É provável que as diferentes condições ambientais tenham exercido fortes pressões seletivas, sobretudo nas partes externamente visíveis, como a pele, que são as mais castigadas pelo sol e o frio.

A isto há que lhe acrescentar outra hipótese complementar: as barreiras culturais à reprodução:

Devido à enorme influência da tradição cultural à hora de escolher com quem nos juntamos e por que nossas culturas e, às vezes, nossas religiões, sobretudo no tocante à escolha do parceiro sexual, fomentam a rejeição aos forasteiros, essas diferenças superficiais que ajudaram a nossos antepassados a preferir a seus congêneres antes que os forasteiros teriam reforçado de uma maneira totalmente desproporcional a respeito das verdadeiras diferenças genéticas existentes entre os humanos.

Esta ideia também foi sustentada por Jared Diamond no Terceiro chimpanzé. Isto é, que não só nos diferenciamos dos demais por questões geográficas, senão que fomentamos essa diferença pela seleção sexual, o que faz com que os asiáticos sejam cada vez mais diferentes de nós e vice versa. E que todos nos pareçam, em consequência, iguais. Da mesma forma que iguais parecemos nós para eles.