A batalha da WIkileaks

Julian Assange, o fundador da Wikileaks, está detido, mas poderia ganhar a guerra, já que seus oponentes não calibraram bem qual é a natureza dos oponentes, nem o cenário de operações tampouco as armas. Esta batalha pode ser vencida por um exército anônimo e global capaz de fazer frente a quem pretenda impedir a liberdade na internet. Em realidade, o combate que está acontecendo não é sobre a liberdade de Assange nem sobre sua moral de ter transado sem camisinha, senão sobre o controle na rede.

Por enquanto a Wikileaks está ganhando, só por enquanto, a guerra da informação. A resposta dos internautas não demorou muito com uma ampla e variada gama de reações:

A descentralização. A página da Wikileaks já tem mais de 1.000 espelhos (cópias exatas do site), o que a torna descentralizada e dificulta a extirpação judicial, política ou técnica.

A solidariedade. Os usuários do Twitter e Facebook estão em plena ofensiva contra qualquer tentativa destas redes que pretenda minimizar -e muito menos censurar- a resposta dos cyber ativistas. Os hastags a favor de Wikileaks têm conseguido o Trending Topics mundial, ainda que hora e outra o Twitter venha censurando este tipo de conteúdo. Não há quem possa calar o grito digital global.

O hacker. Algumas organizações foram além e sites como o 4chan atacaram as páginas ou as instituições que se acrescentaram à ofensiva contra a Wikileaks. A capacidade de organizar um ataque simultâneo aos servidores destas companhias, até bloqueá-los e deixá-los fora de serviço, é uma resposta contundente que será notada em termos de resultados econômicos ou/e imagem pública.

A contrainformação. Wikileaks tem contra-ataque, ontem mesmo, revelou curiosas coincidências diplomáticas e comerciais do Governo do EUA com Visa e Mastercard, as mesmas companhias que bloquearam as fontes de financiamento independente da organização.

A simpatia. Talvez Assange seja um tipo fascinante ou perturbador -conforme li em um comentário do NDig. Mas tanto faz. Aos olhos de milhões de cidadãos no mundo se tornou um símbolo da liberdade. Um Robin Hood digital que rouba informação dos poderosos para dar ao povo. Encabeça também a votação popular em Time como personagem do ano e duvideodó que o editor da revista vai ter culhão para nomeá-lo.

Alguém ainda não entendeu que a força, o poder, o dinheiro ou o tamanho já não ganham as batalhas da liberdade e da informação na sociedade formada pela neutralidade da rede. Seguramente, nada é casual e esta cyber guerra global entre Davi e Golias tem outros beneficiários que não mostram a sua cara. Mas não importa. Espero que a liberdade ganhe, ainda que Assange permaneça preso, acusado e finalmente condenado.

É assim que a informação livre pede passagem apesar de interesses e poderes econômicos. Oxalá que o mundo obediente, cativo e censurado tenha acabado. Tomara que isto seja só o princípio.