Recompensas excessivas não são uma boa ideia

Não enganemo-nos, a maioria das pessoas funcionamos um pouco como o burro que persegue incansavelmente a cenoura. E assim como os equídeos, todos aspiramos a que nos deem um bombom por uma boa ação. Mas se queremos ser eficientes para valer em nosso trabalho, mais vale que não nos recompensem com muitos bombons. Também não é positivo que um pai ofereça uma recompensa importante a seu filho para que passe de ano na escola e já vou explicar o porquê.

Recompensas são boas aliciantes, mas desde que não sejam excessivas, independentemente de que estejam relacionadas a tarefas agradáveis ou desagradáveis. Em um estudo clássico realizado por Mark Lepper, solicitaram a dois grupos de estudantes voluntários que se divertissem desenhando algo. A um grupo foi prometido que receberiam uma medalha pelo desenho. Ao outro grupo não prometeram nenhuma recompensa. O resultado foi que os garotos que recebiam a medalha passavam menos tempo desenhando com seus colegas,possivelmente porque pensaram algo bem como:

- "Bem, os adultos costumam oferecer recompensas quando querem que faça algo que não gosto. Se estão oferecendo uma medalha para desenhar; portanto, desenhar não deve ser nada legal". Este efeito repetiu-se em muitas ocasiões e a conclusão é muito clara: se pedir que seu filho faça uma atividade que vise o desfrute e ao mesmo tempo ofereça uma recompensa para fazê-lo, a recompensa reduz a diversão causa desmotivação. Em poucos segundos, ele converte a brincadeira em trabalho.

Ademais recompensas não só desvalorizam uma atividade agradável, também afetam negativamente em atividades desagradáveis. Uma outra experiência, escolheram um grupo de pessoas para que recolhessem o lixo de um parque de uma grande cidade, dizendo aos participantes que o experimento consistia em examinar a melhor forma de convencer os cidadãos de que cuidassem de seus parques.

Alguns membros do grupo foram remuneradas ostentosamente por seu tempo. O resto recebeu uma remuneração simbólica. Depois de uma hora de um exaustivo trabalho tedioso, todos opinaram como tinha sido passar a tarde fazendo aquele serviço, segundo o que tinham se divertido. Caberia supor que aqueles que receberam uma boa quantidade de dinheiro por seu trabalho veriam a tarde de forma mais positiva que os outros. De fato, o resultado foi bem o contrário: a diversão média dos bem pagos ficou de 2 em cada 10, enquanto a média do grupo que tinha recebido pouco dinheiro ascendia a um espantoso 8,5 a cada 10.

Conquanto o rendimento em curto prazo pode ser melhorado com uma boa recompensa, em longo prazo o rendimento logo se ressente. Então que tipo de incentivo funciona melhor?

Se quisermos animar alguém a fazer alguma coisa que goste, a gente tem que tentar oferecer uma recompensa ocasional em forma de pequena surpresa após terminar a atividade, como se fosse a colheita dos frutos de seu trabalho. Mas se for algo que não goste, há que oferecer uma recompensa realista, mas não excessiva, seguida de alguns comentários alentadores que o animem a seguir realizando a atividade ("O mundo seria um lugar melhor se todos os pais tivessem um filho como você".)