Se entregou a polícia por causa da comida da mamãe.

Foragido da Justiça, o detento Eriomar Nogueira da Luz, de 35 anos, decidiu se entregar à polícia de Taubaté na semana passada, após percorrer 2,6 mil quilômetros a pé. Luz fugiu há 270 dias do Presídio Edgard Magalhães de Noronha, em Tremembé,interior paulista, e seguiu para o norte da Bahia, passando por Minas Gerais, a pé e de carona.

O agora ex fugitivo explicou que "não queria roubar outra vez, porque ia complicar mais a situação além de que estava passando necessidades e a comida da minha mãe é muito ruim".

O caso de Eriomar Nogueira, de 35 anos, surpreendeu às autoridades da prisão de Taubaté, não só por sua decisão de regressar a prisão nove meses após escapar, senão também pelas razões que o levaram a isso.

- "Em 20 anos de carreira nunca vi um caso como este. Quando um detento foge, quer é mais "sumir no mundo", mas aparece este, chega caminhando, se entrega e diz que estava cansado da comida da mãe", disse o delegado Marcelo Duarte da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Taubaté.

A peregrinação de Eriomar começou em maio. Com saudade da família, o baiano pulou a muralha da penitenciária onde cumpria pena quando acabou se ferindo. Só com a roupa do corpo, subiu a Serra da Mantiqueira em direção a Campos do Jordão, enfrentando o rigoroso frio da época e chegou a pedir abrigo no posto da Polícia Rodoviária.

Eriomar levou 4 meses entre São Paulo e Esplanada, no estado da Bahia, onde reside sua mãe. Na casa dos pais, não ficou nem dois meses, onde ajudou no plantio de quiabo. A convivência com os parentes na Bahia não foi tão harmoniosa como Luz esperava e as brigas e a comida da mãe o fizeram a procurar a delegacia da cidade e se entregar.

Ao se apresentar esperava ser transferido com rapidez para Taubaté. Como viu que estava demorando demais, fugiu de novo. Desesperado, apresentou-se em Barra do Piraí (RJ), mas, no sistema, o nome não aparecia como fugitivo. Eriomar levou outros três meses para chegar a Taubaté.

- "Quero sair de cabeça erguida daqui, vou cumprir o que me resta, mas queria voltar pra colônia" - disse, referindo-se ao regime semi-aberto.

Segundo o delegado Marcelo Duarte uma vaga na penitenciária de Potim, também no Vale do Paraíba, foi conseguida para Luz, que volta para o regime fechado.