Você se operaria preventivamente depois dos resultados de um exame genético?: a pergunta da semana

A notícia da semana, sem sombra de dúvidas, foi a declaração da atriz Angelina Jolie sobre sua operação de mastectomia dupla devido ao risco de desenvolver um câncer de mama, porque possui a mutação de um gene que eleva o risco de desenvolver um câncer nos seios ou de ovário.

A notícia saiu em trudo quanto é tabloide, mesmo aqueles acostumados a publicar somente fofoca e notícias frívolas, mas o mais bacana de toda esta história é que provavelmente milhares de mulheres (e homens) em todo mundo foram depressinha perguntar a seus médicos -depois de inteirar-se da notícia- a respeito das formas que existem para conhecer seus genes e as medidas que podem tomar para prevenir um possível câncer.

Jolie realizou um exame preditivo -que permite detectar mutações genéticas associadas a doenças que ainda não existem no momento da realização do teste- devido a morte de sua mãe de câncer. O resultado determinou que existia uma grande possibilidade de que a atriz desenvolvesse também, explicitamente Angelina tinha um risco de desenvolver câncer de mama de 85%, e entre 25% e 40% de possibilidade de desenvolver um câncer no ovário.

O problema é que este tipo de análise é para poucos bolsos: nos EUA não sai por menos de 6 mil reais. Bastante caro, mas detecção precoce pode evitar meses de sofrimentos e quimioterapia. Não há dúvidas que a atitude da atriz foi radical, mas devemos levar em consideração que ela tem dinheiro para queimar e pouca coisa mudará em sua vida funcional, já que logo logo colocará colocou um peitão de plástico e poderá inclusive amamentar se tiver outro filho, porque este tipo de mastectomia é diferente da realizada em pessoas que padecem do câncer de mama, preservando o mamilo, suas veias e artérias. Ela se diz feliz com os resultados em uma carta aberta ao público no NYTimes:

"Desejava escrever isto para explicar para outras mulheres que a decisão de se submeter a uma mastectomia não foi fácil. Mas agora estou muito satisfeita de tê-lo feito. Minhas possibilidades de desenvolver um câncer de mama reduziram-se de 87 a menos de 5%. Agora posso dizer a meus filhos que não tem mais o que temer porque vão me perder por um câncer de mama.

Decidi não manter minha história em segredo porque há muitas mulheres que não sabem que podem estar vivendo sob a sombra do câncer. Tenho a esperança de que elas, também, sejam capazes de fazer testes genéticos e que, se tiverem um alto risco, saibam que têm opções."

Esta é só a ponta do iceberg do que pode vir por ai proporcionado pelos estudo genéticos. Só esperamos que estes benefícios alcancem todas as classes sociais, mas infelizmente as primeiras notícias não são nada boas: a empresa de biotecnologia americana, Myriad Genetics, que descobriu e isolou os genes que possibilitam estes testes realizados por Angelina, patenteou a descoberta, agenciando 20 anos da utilização do gene para pesquisa, diagnóstico e tratamento. Ou seja, o copyright genético deve render uma fortuna incalculável a empresa, que cobra 6 mil por cada teste, mas que, segundo os especialistas, não custa mais do que 400 reais. Infelizmente, o único remédio do pobre nesta situação continuará sendo a oração.

Ante esta situação não podemos deixar de perguntar: se você realizasse um exame genético e este advertisse que existe a possibilidade de que possa vir a desenvolver um câncer de mama (homens substituam o seio pelo saco -ainda que sim homens podem desenvolver câncer de mama-) você se operaria preventivamente com uma mastectomia ou uma orquiectomia, respectivamente?

Fonte: NDig.