Piure, a bizarra natureza das rochas vivas

Vivendo e aprendendo! Você já ouviu falar de um tal de piure (Pyura chilensis)? A verdade é que se você for conhecer a costa rochosa do Chile e Peru, poderia passar ao lado de uma colônia sem perceber que eles são mais do que rochas da praia. Ademais, se cortá-los ao meio irá pensar que descobriu uma verdadeira espécime alienígena de aparência bizarra.

Popularmente conhecido como a rocha viva, o piure é na verdade um organismo marinho bem estranho que se alimenta pela inalação da água do mar e filtragem de microalgas comestíveis através de um par de sifões. Tem sangue claro e pode acumular grandes quantidades de um elemento misterioso e raro chamado vanádio, muito usado na produção de aço inoxidável.

O sangue do piure contém 10 milhões de vezes mais vanádio do que a água do mar circundante, embora o seu papel no desenvolvimento da criatura seja ainda desconhecido. O organismo alienígena sempre nasce macho, mas com o tempo também desenvolve órgãos femininos, liberando ambos os óvulos e espermatozóides que se reúnem para formar pequenos girinos descendentes que, eventualmente, se deslocam para as rochas próximas e se desenvolvem até repetir o ciclo.

Isso tudo é muito original e fascinante, mas não há realmente nada como ver uma dessas criaturas bizarras cortadas ao meio. O Pyura chilensis é coberto por uma espessa camada de celulose animal que o ajuda a mimetizar com os seus arredores, mas por baixo encontra-se uma massa de tecido vermelho brilhante, que deixa os espectadores boquiabertos pela primeira vez.

Mais estranho ainda é que a matéria interna do piure é considerada uma iguaria (quem foi o louco que comeu isso pela primeira vez?). É também muito utilizado como um ingrediente para ensopados, e os locais descrevem o sabor como "amargo" e "sabão" ou "iodo". Isso não me parece uma iguaria, mas, como dizem, tem gosto para tudo. Nativos chilenos e peruanos coletam o piure há anos.

Fonte: Sci Am.