Campanha persegue racistas da Internet e exibe seus comentários perto de onde vivem

Muitas vezes já defendemos a Neutralidade da Rede e sua necessidade de manter a liberdade de tráfego de dados e anonimidade, porque, a partir do dia que as autoridades tiverem o controle existente no Facebook, a Internet, como conhecemos, acabará. No entanto, o trolling é uma prática habitual da Internet que é mais aceitável, sobretudo quando afeta outras pessoas de maneira agressiva. Trollar parece admissível e inclusive hilariante quando está relacionado com personagens públicas, estrelas da TV ou ao presidente, mas deixamos de tolerar se provoca uma ofensa mais sensível e contra quem às vezes não pode se defender.

Para combater os efeitos nocivos da trollagem e criar consciência em torno de seus efeitos sobre as pessoas que sofrem, a ONG Criola, focada na defesa dos direitos das mulheres negras, realizou a campanha "Racismo virtual, consequências reais", que, a grosso modo, consiste em coletar posts do Facebook ou tweets com conteúdo racial, localizar o ponto geográfico onde foram publicados e depois transformá-los em painéis publicitários que são instalados em dita área, com o nome e imagem do agressor pixelados.

A ação surgiu como resposta aos comentários racistas que inundaram as redes sociais contra a repórter Maria Julia Coutinho, Maju, e que apareceu em uma fotografia compartilhada na página do JN no Facebook. Na época, para surpresa de muitos, logo após a publicação da imagem, a seção de comentários começou a receber insultos a propósito da origem racial da moça.

Isso aconteceu há mais de seis meses, mas então porque estamos publicando isso só agora? Bem, é preciso tornar visível o racismo que rola na Internet, combater isso e, sobretudo, fazer com que as pessoas saibam que não podem fazer o que querem desde a comodidade de suas casas sem assumir as consequências de seus atos.

O seu IP, apesar da Neutralidade da Rede, referida no começo deste post, diz exatamente a sua posição geográfica neste exato momento. Existem inclusive ferramentas que indicam o endereço. Só como exemplo, experimente o serviço demo da MaxMind. Copie a coordenada sugerida pelo aplicativo e cole no Google Maps para ver o que irá aparecer.

A medida pode parecer agressiva e despropositada, mas sem dúvida nem tanto quanto a ação dos débeis que lhes dão origem.