Auroville: a cidade do futuro que não tem política, religião, nem nacionalidade

Ao Sul da Índia, no Estado de Tamil Nadu, encontramos a cidade experimental de Auroville, um curioso projeto de cidade utópica conhecida como a "Cidade da Aurora", que foi fundada em 1968 com um objetivo definido: "Auroville está destinada a ser uma cidade universal, onde os homens e mulheres de todos os países sejam capazes de viver em paz e harmonia, acima de todos os credos, todas as políticas e todas as nacionalidades. O propósito de Auroville é promover a unidade humana". Em outras palavras, Auroville é uma comunidade hippie que deu certo e resistiu aos anos.

Auroville foi fundada em 28 de fevereiro de 1968 como um projeto da Sociedade Sri Aurobindo por Mirra Alfassa (conhecida por seus seguidores como "A Mãe").

Blanche Rachel Mirra Alfassa foi a colega espiritual durante anos e posteriormente discípula de Sri Aurobindo, um conhecido filósofo, poeta, mestre de ioga e nacionalista indiano que se uniu ao movimento pela independência da Índia durante a época colonial britânica.

Mirra Alfassa criou este projeto experimental de Auroville com a esperança (segundo suas palavras) de que "contribuiria significativamente no progresso da humanidade para um futuro esplêndido, reunindo pessoas de boa vontade com a aspiração por um mundo melhor".

A ideia foi apresentada à ONU e ao Governo da Índia em 1965, e no ano seguinte a Unesco tomou a resolução de aceitar e assistir a este projeto único.

O coração de Auroville é Matrimandir ("templo da mãe"), um simbólico edifício para meditação e ioga, que não pertence a nenhuma religião.

O Matrimandir está equipado ademais com uma planta de energia solar e é rodeado de jardins bem cuidados conhecidos como a "zona de paz".

Se você acha que a vida nesta cidade é um interminável fim de semana, asseguramos que não é assim.

Ainda que o lazer e o entretenimento seja incentivado cada um tem sua tarefa, recebendo salários que variam em torno de 400 reais, valor mais do que suficiente para viver no local.

Uma das regras da comunidade é o estabelecimento de salários máximos a base de terços: o mais alto não pode ser mais do triplo do salário base dos membros da comunidade.

Ao todo, aproximadamente 5.000 pessoas trabalham nas diferentes seções e unidades de Auroville, boa parte delas, das localidades próximas.

Ademais contam com outras atividades como a agricultura orgânica, reflorestamento, pesquisa da educação, atenção da saúde, o urbanismo, gerenciamento da água, atividades culturais e serviços comunitários.

A cidade é integralmente auto-sustentável, contando com escolas, restaurantes, padarias, um hospital, cinema e lojas.

No entanto, não há nenhum carro na cidade, o principal meio de transporte são as bicicletas e motocicletas.

O maior objetivo da educação em Auroville é proporcionar às crianças oportunidade de crescer e se desenvolver como uma pessoa completa. O enfoque especial centra-se no esporte e a criatividade.

O que se busca é um ensino e uma educação não autoritária, baseada nos princípios da não-violência, quanto ao modo de vida.

Também tentam que os ensinamento aos menores esteja conforme com a natureza e por isto dão uma consideração especial à ecologia seguindo as práticas da chamada ioga integral de Sri Aurobindo.

Depois da morte em 1973 de Mirra Alfassa surgiram problemas e discrepâncias em Auroville que provocaram um grande desencanto e a fuga de uma boa parte dos moradores.

Na atualidade Auroville tem uma população de quase 2.500 pessoas provenientes de mais de 50 países.

Apoiada pelo Governo da Índia, UNESCO e personalidades como o Dalai Lama, Auroville é um projeto ainda em desenvolvimento, uma cidade utópica para desenvolver os ensinamentos da ioga integral de Sri Aurobindo.

Sem dúvida um lugar diferente com um conceito diferente de entender a sociedade ou a vida como estamos acostumados. Através de sua página podemos encontrar mais informação (em inglês) sobre esta curiosa cidade: Auroville - The City of Dawn.

Fotos: Anne Schönharting.