Fractais humanos ou a geometria abstrata das massas chinesas

Depois de ver fotos de notícias chinesas, durante anos, um dos meus temas visuais favoritos são as grandes formações populares. Afinal, dos 7 bilhões de habitantes do nosso planeta atualmente, mais de 1,3 vivem na China e a aglomeração de massas para desfiles públicos, exibições, exercícios em grupo e inclusive funcionários de fábricas de gadgets comprimem corpos humanos em espaços racionalizados para um tipo de socialização bem delimitado e possivelmente, às vezes, não desejado.

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A massa tem a presença plural do consenso tácito, da unidade nacional que disfarça com uniformes a subjetividade, dando a satisfatória sensação (aos poderosos) de ter delimitado uma mancha abstrata, mas controlável, harmonizada artificialmente através da magia da lente fotográfica.

As massas de pessoas fascinam a imaginação ocidental em uma genealogia que Walter Benjamin traçou no momento em que a noção de espaço público se ampliava com a chegada das grandes populações urbanas e suas diferenças de classe, raça, sexo, que pareciam ser alheias à multidão, composta de subjetividades mutantes e inclassificáveis.

Talvez a versão chinesa desta imagem -um monograma que mostra diferentes sentidos e sons em sua interioridade exposta e silenciosa- seria uma multidão de praticantes de tai chi se movendo em uníssono, desaparecendo as diferenças acessórias na unidade do movimento.

O uso ideológico da massa parece à noção matemática de fractal, onde a repetição em escala de suas unidades pode explicar a escala cromática um fenômeno temporário ou progressivo. A parte é igual ao todo e assim os indivíduos podem tornar-se simplesmente em pixels de uma pintura enorme, ou pontos em uma grade, ou ecos de uns aos outros em uniformes ou fantasias idênticas como podemos contatar nesta fantástica coleção feita por Alan Taylor para o The Atlantic.

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