Assim foi feito o incrível efeito especial deste filme dos anos 30 que parece totalmente digital

Ver os efeitos especiais de um filme antigo geralmente provoca o riso solto, mas nem sempre é assim. Muito antes da chegada dos computadores e do CGI já faziam verdadeiras mágicas para fazer com que a fábrica de sonhos pudesse exercer sua capacidade hipnótica com pleno rendimento. O truque mais curioso, inquietante e belo aconteceu provavelmente em "Sh! The Octopus", uma mistura entre thriller e comédia de 1937, onde podemos ver a transformação em tempo real de uma idosa em bruxa. O tom de sua pele se escurece, surgem rugas profundas, e seu cabelo passa a ser demoníaco.

Em um primeiro momento qualquer um de nós pensaria em duas possibilidades. Se fosse um filme moderno tudo isto seriam o produto de retoques digitais. No caso de ser algo genuinamente antigo teria que ter sido feito uma progressão da cena mediante um monte de cortes em que iriam maquiando a atriz. Mas vendo a fluidez de sua expressão quase apaga-se por completo essa possibilidade. Isto parece ter sido realizado em uma única tomada. Veja a cena:

Na verdade, trata-se de um truque de maquiagem que já havia sido empregada anteriormente no cinema há uma década. A técnica foi criada pelo diretor de fotografia Karl Struss para a versão de Ben-Hur de 1925, na cena da cura das leprosas. Aplicando maquiagem da mesma cor da iluminação colorida (azul), esta fica oculta até aplicar a luz oposta (vermelho), quando a magia se revela.

Ou seja, é um truque que utiliza camadas de cor e iluminação, mas que só funciona em filmes em preto e branco devido as lentes que, se fosse empregado em um filme atual, fariam com que toda a tela ficasse primeiro azul e depois vermelha. E se víssemos a atriz em carne e osso notaríamos como as linhas, que depois parecem terríveis na tela, estão pintadas com cores mais fortes que o restante do rosto.