Morre por suicídio assistido a adolescente holandesa que não suportava os traumas de uma violação sexual

Esclarecimento: segundo a versão inicial da reportagem, a morte da adolescente ocorreu mediante eutanásia. Não está claro até que ponto os médicos a ajudaram a morrer, ainda que ela tinha solicitado anteriormente a morte assistida. Na Holanda, a eutanásia é legal para crianças maiores de 12 anos, desde que expressem o desejo de morrer com assistência clínica e tenham consentimento dos pais.

Noa Pothoven, que quando menina sofreu repetidas agressões e violações sexuais, morreu no domingo passado por vontade própria em uma clínica especializada (algumas reportagens dizem que foi na sala de casa) dos Países Baixos. Na véspera, a adolescente, de 17 anos, explicou a seus seguidores no Instagram que sua decisão não foi impulsiva, senão reflexionada e deliberada durante muito tempo.

Ademais, segundo a dica do amigo Rusmea, via FB, descobrimos que ela tinha deixado de comer e beber faz um tempo.

- "Após anos de luta, minha luta termina. Após muitas conversas e avaliações, decidi que serei libertada, porque meu sofrimento é insuportável", assegurou em sua publicação. - "Em realidade não estou viva faz já muito tempo; sobrevivo, e nem sequer isso. Respiro, mas já não vivo", acrescentou.

Em seus últimos dias passou rodeada de sua família e de seus seres queridos.

- "O amor é deixar ir, neste caso", escreveu também Noa, cuja morte foi confirmada ao jornal De Limburger por sua irmã.

Aos 16 anos, Noa Pothoven publicou sua autobiografia, com a qual quis compartilhar sua luta contra o estresse pós-traumático, a depressão e a anorexia que vinha sofrendo durante anos.

Sob o título "Ganhar ou aprender", Noa contou nesse livro que foi agredida e violada sexualmente a uma idade precoce. Por vergonha e medo, ocultou o abuso sexual durante muito tempo. Segundo confessou, tentou sobreviver apesar de seus problemas psicológicos mas, depois de lutar o quanto pôde, compreendeu ao final que não seria possível.

O livro de Noa ganhou vários prêmios literários. Através dessa obra, a adolescente quis fazer uma contribuição para melhorar a ajuda dirigida a jovens psicologicamente vulneráveis que lutam intensamente por suas vidas.

O suicídio assistido ou finalização da vida por petição do paciente é permitido nos Países Baixos sob a Lei de Terminação da Vida, que entrou em vigor em 2002, após quase 10 anos de tolerância com a prática. Ainda que o termo eutanásia não é mencionado em dita lei, o procedimento é efetuado por um médico e só é realizado se o paciente sofrer de uma doença irreversível ou se encontrar em fase terminal e com sofrimento insuportável.

Em consequência, a decisão de submeter-se a eutanásia tem de ser voluntária e produto de reflexão. O padecimento deve ser intolerável e sem prognósticos de melhora. No caso do sofrimento psicológico, o médico encarregado do caso deve consultar dois colegas e redigir um relatório. Os pacientes menores de idade, desde os 12 anos, também podem formular uma petição de finalização de sua vida.

Além dos Países Baixos, na Europa apenas Luxemburgo e Bélgica permitem esta forma de terminação voluntária da vida.