Algumas serpentes podem voar e agora os cientistas sabem como

Uma pesquisa publicada ontem, segunda-feira (29/06) examinou por que as chamadas serpentes voadoras usam a ondulação o ar, já que querem determinar se este método constitui uma estratégia de controle de vôo ou, pelo contrário, é um vestígio comportamental não funcional de ondulação lateral. Os cientistas queriam averiguar se estas cobras imitam no ar os mesmos movimentos que realizam no chão ou se trata de um vestígio de um comportamento passado, ou ainda de uma estratégia desenvolvida para que possam adejar.

Os estudiosos do Instituto Politécnico de Virginia e do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Estados Unidos, utilizaram a captura de movimento em alta velocidade, colocando uma fita refletora nas costas das cobras, e criaram um novo modelo dinâmico de voo que traçou a aerodinâmica da serpente.

A partir destes dados descobriram que os movimentos ondulantes contribuíram em grande parte à eficácia do planeio. Os físicos já sabiam previamente que as serpentes arborícolas achatam seus corpos quando saltam de uma árvore a outra, gerando elevação. O novo experimento revelou que as serpentes também exercem uma combinação complexa de movimentos durante seu adejo.

Eles descobriram que a espécie "Chrysopelea paradisi", uma serpente arborícola do Sudeste asiático, ondula o corpo de um lado a outro e de cima a baixo, além de mover o rabo para cima e para baixo do nível de sua cabeça.

A equipe de cientistas desenvolveu um modelo matemático tridimensional do vôo da cobras que incorpora efeitos aerodinâmicos e inerciais. A simulação demonstrou que a ondulação aérea nas serpentes cumpre uma função diferente aos usos conhecidos da ondulação em outros animais, e sugere uma nova forma de criação de robôs voadores, segundo o estudo publicado na Nature.