Fotógrafo registra o espetacular fenômeno do voo coordenado de milhares de estorninhos sobre os pântanos dinamarqueses

O fotógrafo dinamarquês Søren Solkær registra de forma recorrente um dos fenômenos mais fascinantes da natureza, para seu projeto Black Sun: o vôo milimetricamente coordenado de milhares de estorninhos, algo sumamente lindo e hipnotizante ainda que, por momentos, espantoso (veja o vídeo no final, pois é fantástico). O nome "Sol Negro" tem a sua razão de ser, pois este é um dos nomes emprestados a esse evento, ainda que sejam mais conhecidos mesmo por "Murmúrios", os grupos amorfos de estorninhos que se juntam no crepúsculo das temporadas de outono e de inverno como se fossem uma entidade única.

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Os murmúrios, que parecem formar uma ave gigante como o mítico simurgh, costumam ser motivo de reflexão sobre a verdadeira natureza de um superorganismo, um que que emerge de membros menores unidos por uma função coletiva, mas cujos limites não estão claramente estabelecidos. Por exemplo, nós somos compostos de milhares de milhões de células individuais, cada uma delas composta por partes individuais. A grande maioria destas células em realidade não são humanas, senão que são bactérias que coexistem em nosso interior e realizam funções importantes para nosso organismo.

Inclusive, as mitocôndrias de nossas células parecem ter sido bactérias que foram integradas a outras células, no que é conhecido como endosimbiose. Podemos considerar nossa pele o limite, mas nossa pele é permeável a milhões de microrganismos que se integram a nosso superorganismo.

Alguns sugerem a existência de superorganismos, como a própria Terra (Teoria de Gaia), ou alguns sistemas meteorológicos em particular, ou grandes coleções de indivíduos que têm uma integração de informação compartilhada, como pode ser um bosque ou um recife de corais.

Assim podemos brincar com a ideia de que é possível ter organismos emergentes, especialmente se tomarmos a ideia de que a consciência surge como resultado da complexidade e interconexão de um sistema. Talvez poderíamos argumentar que estes passaredos de estorninhos são em realidade um volátil superorganismo, que surge e desaparece. O próprio Søren aventa esta possibilidades quando diz no Colossal:

- "Às vezes a revoada parece possuir o poder coesivo dos superfluídos, mudando de forma em um fluxo infinito: do geométrico ao orgânico, do sólido ao líquido, da matéria ao etéreo, da realidade ao sonho, uma troca em que o tempo real deixa de existir e o tempo mítico permeia a existência. Este é o momento que tento capturar: um fragmento da eternidade."

O projeto Black Sun deve culminar em um próximo livro com o mesmo nome, que será lançado em 16 de novembro e está disponível para encomenda na loja de Søren, junto com gravuras e alguns de seus outros trabalhos. Para ver mais do fotógrafo dinamarquês, não deixe de segui-lo em sua página do Instagram.

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