Quem você acha que é?

Veja a imagem ao lado. É certo que a maioria das pessoas têm a sensação de conhecê-la ainda que não saibam de onde. Se dissermos que seu nome é Helen Kane (1904-1966) e que foi uma famosa cantora dos anos 20-30, o mais provável é que permaneça desconhecida para a maioria ainda que continue parecendo tremendamente familiar. Mas se eu disser que se converteu em um dos maiores ícones do mundo dos quadrinhos, é seguro que quase todos lembrem de quem se trata.

Isso mesmo, efetivamente... Betty-Boop.

Max Fleischer inspirou-se na cantora Helen Kane para criar sua imortal Betty-Boop. Sua carinha redonda de cabelos negros anelados, seus grandes olhos e seus lábios delicados, em conjunto com sua baixa estatura (1,55mts) de formas arredondadas, representavam o ideal de beleza feminina da época.

Helen Kane era o que se chamava garota Flapper que eram do tipo moças alegres dos anos 20 que causavam furor nos salões de festa. Helen tinha um jeito de garota independente e provocante, sempre com as pernas de fora, exibindo uma cinta-liga.

Seguindo a prática habitual da animação daqueles anos, a personagem de Betty-Boop nasceu como sendo uma cadelinhas poodle acompanhada de um outro cão chamado Bimbo como poderá ver no vídeo abaixo onde os desenhos apontam uma alta sensualidade.

Posteriormente a personagem foi-se humanizando até converter-se na Betty que todos conhecemos hoje em dia.

Foi em 1930 que a personagem Betty Boop, espelhando-se nas divas daquela década, ao som de muito jazz, ficou famosa interpretando "Boop-Oop-a Doop-Girl", de Helen Kane, e, enfim, entrou para a história, participando de mais de 100 animações.

A relação de Helen Kane com Betty-Boop não foi muito boa. A Paramount, que era o estúdio de ambas, deixou paulatinamente de apoiar a carreira da cantora para se centrar na do desenho animado fazendo a fama de Helen decair à mesma velocidade que a de Betty-Boop subia.

Helen Kane quando começa o declínio de sua carreira.

Entretanto, após 1934, o novo Código de Produção impôs uma censura à personagem. Em nome da moralidade, Betty não poderia mais exibir seus decotes nem suas roupas insinuantes. Acredita-se que o comportamento progressivo da personagem era algo para o qual a população dos Estados Unidos da época não estava preparada para receber. Afinal, eram tempos de Disney e seus bichinhos inocents e bonitinhos. Fleischer modificou a imagem de Betty, vestindo-a até o pescoço. Contudo, mantiveram em evidência o contorno de seus seios sobressaindo das malhas colantes, o que a deixou mais sensual. Em 1939, Betty Boop foi proibida de aparecer nas telas pelo Comitê Moralizador após anos de perseguição.

Helen processou a Paramount e Max Fleischer por apropriação indébita da imagem entre outras coisas. Mas Helen centrou o processo em que Betty-Boop imitava seu estilo de cantar, com voz provocantemente infantilizada. O juiz considerou que existiam muitas cantoras que usavam do mesmo artifício e indeferiu a sua demanda. Helen Kane perdeu o julgamento.

Com a sua enorme sensualidade, Betty foi um grande sucesso nas platéias de teatro, e apesar da decadência durante a década de 30, ela continua popular atualmente pelo ar de sensualidade. Sua última aparição foi no cinema, em 1988, quando fez uma ponta em Uma Cilada para Roger Rabbit com o mesmo biquinho, as mesmas pernas de fora e cinta-liga aparente que lhe é peculiar.