O dia em que Vargas Llosa disse que a linguagem inclusiva é uma 'estupidez'

O Prêmio Nobel de Literatura Mario Varga Llosa protagonizou uma intensa polêmica nas redes sociais mexicanas, ao reaparecer um vídeo no qual qualifica o uso da linguagem inclusiva como "uma estupidez" que desnaturaliza a língua, o que acarretou um aluvião de repúdios e também de apoios. As opiniões do escritor peruano correspondem a uma entrevista que em 2019 realizou o jornalista Jorge Ramos em Miami, mas viralizaram nesta quarta-feira no meio de outra polêmica em torno do caso de Andra Escamilla.

Andra, não binária, chorou durante uma on-line quando outro aluno lhe disse "companheira" e não "companheire", o que considerou uma falta de respeito para sua identidade de gênero. A reclamação de Andra foi respondida com o vídeo de Vargas Llosa.

Na entrevista, Jorge Ramos pergunta ao escritor sobre a linguagem igualitário e explica que quando se diz "todos", as mulheres não são tomadas em conta, pelo que talvez seria melhor adotar o "todes". A resposta imediata de Vargas Llosa foi uma gargalhada.

- "A linguagem é algo que nasce naturalmente e sobre isso se estabelecem certas regras. Nós temos no espanhol, clarissimamente, um masculino inclusivo", assegurou, apesar de que a denúncia de muitos movimentos de mulheres e da comunidade LGTBIQ é que essa estrutura gramatical os exclui.

Vargas Llosa descartou que o genérico masculino da língua espanhola seja machista e advertiu sobre os riscos que implica forçar mudanças.

- "Esse é um caminho muito perigoso, desnaturalizar tão profundamente a linguagem em nome de um feminismo mal entendido. Eu estou de acordo com as feministas nas coisas fundamentais, sem nenhuma dúvida: há que combater os preconceitos, há que promover às mulheres. Desnaturalizar a linguagem porque considera-se machista é uma estupidez que de jeito nenhum eu vou aprovar", assinalou.

O escritor converteu-se agora em tendência nas redes sociais de língua hispânica, onde recebeu qualificações como "ridículo", "antiquado" e "totalitário", ainda que boa parte também o respalda referindo-se a linguagem inclusiva como uma total "falta de educação".