Ranking 2021 das 50 cidades mais violentas do mundo

Em 2021, as oito cidades que registraram as maiores taxas de homicídios estão no México, segundo o estudo elaborado pela ONG daquele país Conselho Cidadão de Segurança Pública e Jurisdição Criminal. A América Latina volta a dominar o ranking das 50 cidades mais violentas do mundo segundo o relatório que indica que o maior obstáculo a ser enfrentado na realização das investigações "é a falta de transparência dos governos de vários dos países com cidades incluídas no ranking.

A ONG também esclareceu que o relatório não inclui cidades de países que sofrem conflitos armados abertos, como os casos da Síria, Sudão ou Iêmen: Porque a maioria das mortes violentas não corresponde à definição universalmente aceita de homicídio, mas a mortes causadas por operações de guerra, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde.

Os dados divulgados pelo relatório disparam mais uma vez os alarmes na América Latina, onde a violência continua sendo um dos grandes desafios a serem enfrentados. O caso do México é o mais preocupante, já que, pelo terceiro ano consecutivo, o país se consolidou como o epicentro mundial da violência homicida urbana.

Em 2021, as oito cidades que registraram as maiores taxas de homicídios são mexicanas: Zamora, Ciudad Obregón, Zacatecas, Tijuana, Celaya, Juárez, Ensenada e Uruapan. Também tem o maior número de cidades violentas do mundo: 18 de 50.

Além das cidades incluídas na lista, existem outras cidades mexicanas que não chegam a 300.000 habitantes, mas têm taxas acima de 100 homicídios por 100.000 habitantes. Entre elas podemos citar Fresnillo, Manzanillo, Guaymas e Tecate.

A esses números preocupantes deve-se acrescentar o alto índice de desaparecimentos no México, que vem aumentando especialmente desde 2007. Segundo dados oficiais, no ano passado foram registrados 9.473 desaparecidos. Muitas dessas pessoas foram privadas de liberdade e posteriormente assassinadas por pistoleiros de grupos criminosos e traficantes de drogas, embora seus corpos ainda não tenham sido encontrados.

O Conselho Cidadão de Segurança Pública e Jurisdição Criminal atribui grande parte da responsabilidade ao governo de Andrés Manuel López Obrador. Segundo a ONG, o presidente mexicano aplicou em 2019 e 2021 a pior política de 'controle' do crime, chamada de "abraços, não balas".

A organização lembrou que o presidente, antes de assumir o cargo, havia prometido ampla anistia aos criminosos e, em particular, aos narcotraficantes. Ele não apresentou o projeto de anistia, ele o aplicou de fato, mas com consequências mais desastrosas do que haveria com uma anistia formal. Enquanto uma anistia geralmente perdoa crimes em troca de que os responsáveis parem de cometer crimes, a anistia de fato, a política de "abraços, não balas", consistiu em permitir que grupos criminosos continuem assassinando, desaparecendo e extorquindo interminavelmente com impunidade absoluta.

No estado em que essa tendência é mais observada é em Michoacán, no sul do país, onde desde outubro de 2019 grupos criminosos travam uma guerra, inclusive usando armas pesadas, veículos blindados e drones. Apenas algumas semanas atrás o Exército interveio, mas a violência não diminui.

A impunidade com que essas gangues são tratadas é chocante. Há duas semanas, em uma pequena cidade do estado, um grupo de pistoleiros apareceu em um velório e atirou em 17 civis desarmados. Além disso, grupos criminosos realizam extorsões generalizadas contra produtores agrícolas, na medida em que isso já se refletiu em altos preços de frutos em todo o país.

O país que segue o México com o maior número de cidades violentas também é latino-americano. Este é o Brasil, com 11 cidades: Feira de Santana, Mossoró, Manaus, Salvador, Fortaleza, Natal, Recife, Teresina, Caruaru e Macapá.

O grupo Insight Crime indicou que desde 2016 a violência no Brasil vem aumentando nas mãos dos confrontos sanguinários entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), os principais grupos criminosos que operam no país e que dedicaram recursos humanos e financeiros significativos para controlar o Nordeste.

Esses grupos, no entanto, também enfrentam resistência de outras gangues criminosas. Em Salvador, por exemplo, cidade que ocupa a 28ª posição no ranking, o Comando Vermelho enfrenta uma facção criminosa conhecida como Tropa do A, responsável por vários homicídios no estado da Bahia. A cidade portuária de Natal, principal escoadouro de cocaína da região, também é palco de confrontos.

As outras nações latino-americanas com presença no ranking das cidades mais violentas do mundo são Colômbia (4), Honduras (2), Porto Rico (1), Haiti (1), Equador (1) e Jamaica (1).

O Conselho Cidadão de Segurança Pública e Jurisdição Criminal comparou as altas taxas de homicídio no México, com as registradas em cidades como Medellín e Cali, entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990, quando traficantes de drogas, com Pablo Escobar como cabeça, escalaram ao máximo sua guerra contra o Estado colombiano e os massacres entre facções rivais.

Hoje a Colômbia reduziu consideravelmente esses registros, mas mantém algumas áreas afetadas. Buenaventura é a cidade com a maior taxa de homicídios (mais de 59), seguida por Cali, Palmira e Cúcuta. Os três primeiros estão localizados no departamento de Valle del Cauca, uma área estratégica para grupos criminosos, pois faz fronteira com a costa do Pacífico e o departamento de Cauca, importante produtor de coca.

A realidade do Equador é diferente, pois é a primeira vez que uma cidade sua aparece em um ranking da ONG mexicana. No entanto, o que preocupa as autoridades locais é que a taxa de homicídios do país cresceu em 2021 mais rápido do que em qualquer outro país da América Latina e do Caribe. À medida que a guerra de gangues aumenta, os assassinatos quase dobraram ano após ano.

Um dos dados mais marcantes do estudo elaborado pelo Conselho Cidadão de Segurança Pública e Jurisdição Criminal é a ausência de cidades em El Salvador e Guatemala, países com presença histórica de grupos criminosos e traficantes de drogas.

Por último, um dos países mais afetados por atos de violência e onde se denunciam crescentes mobilizações do narcotráfico e de grupos guerrilheiros é a Venezuela. No ranking deste ano não há nenhuma cidade venezuelana. No entanto, a ONG mexicana esclareceu esse fato: nenhuma cidade foi incluída, não porque a violência desapareceu repentina e milagrosamente naquele país, mas porque simplesmente não há como medi-la.

As 50 cidades mais violentas do mundo

1. Zamora - México
2. Ciudad Obregón - México
3. Zacatecas - México
4. Tijuana - México
5. Celaya - México
6. Juárez - México
7. Ensenada - México
8. Uruapan - México
9. St. Louis - Estados Unidos
10. Kignston - Jamaica
11. Cidade do Cabo - África do Sul
12. Feira de Santana - Brasil
13. Buenaventura - Colômbia
14. Colima - México
15. Baltimore - Estados Unidos
16. Acapulco - México
17. New Orleans - Estados Unidos
18. Cuernavaca - México
19. Memphis - México
20. Mossoró - Brasil
21. Irapuato - México
22. León - México
23. Mandela Bay - África do Sul
24. Cali - Colômbia
25. Vitória da Conquista - Brasil
26. Detroit - Estados Unidos
27. Manaus - Brasil
28. Salvador - Brasil
29. Fortaleza - Brasil
30. Chihuaha - México
31. Palmira - Colômbia
32. San Pedro Sula - Honduras
33. Natal - Brasil
34. Morélia - México
35. Durban - África do Sul
36. Porto Príncipe - Haiti
37. San Juan - Puerto Rico
38. Recife - Brasil
39. Distrito Central - Honduras
40. Cancun - México
41. Filadélfia - Estados Unidos
42. Teresina - Brasil
43. Culiacán - México
44. Caruaru - Brasil
45. Milwauke - Estados Unidos
46. Cucuta - Colômbia
47. Guadalajara - México
48. Johanesburgo - África do Sul
49. Macapá - Brasil
50. Guayaquil - Equador