![]() | Uma pessoa comum defeca aproximadamente 11.030 quilos de resíduos acumulados durante a vida. Muitas vezes, essas fezes são marrons. Mas por que isso acontece, considerando todos os alimentos coloridos que consumimos? E o que acontece quando as fezes aparecem em cores e texturas diferentes? Quem tem a resposta para isso é a Escala de Fezes de Bristol desenvolvida pelos médicos Stephen Lewis e Ken Heaton no Departamento de Medicina da Universidade no Bristol Royal Infirmary, em 1997. |

Mas antes de falarmos sobre os diagnóstico, vamos falar o que acontece durante o trânsito da comida colorida em nosso corpo.
Digamos que você esteja comendo uma linda salada com as cores do arco-íris. Seus dentes e saliva ajudam a quebrar e lubrificar o alimento. Cada mordida entra no esôfago e contrações musculares sequenciais o empurram em direção ao estômago.
Lá, a mistura se combina com os sucos digestivos claros, ricos em ácido clorídrico e enzimas, que seu estômago começou a secretar enquanto você se preparava para comer.
Esses sucos degradam ainda mais os alimentos e, assim que o estômago para de se revirar, o conteúdo parcialmente digerido, chamado quimo, esvazia-se lentamente no intestino delgado.
O pâncreas libera outro fluido transparente carregado com ainda mais enzimas, que trabalham quebrando carboidratos em monossacarídeos e proteínas em aminoácidos e peptídeos.
Nesse ponto, o fígado também libera a bile, que tem uma coloração amarela. Ela contém sais que ajudam a separar as gorduras dos alimentos, permitindo que as enzimas as transformem em unidades menores, como monoglicerídeos e ácidos graxos.
Células intestinais específicas podem então absorver esses nutrientes para a corrente sanguínea. A bile é especialmente importante em termos de cor.
A razão pela qual ela é amarela é porque um de seus principais componentes é a bilirrubina, um composto amarelado produzido pela quebra da hemoglobina, a proteína que ajuda os glóbulos vermelhos a transportar oxigênio.
Nesse ponto, o sistema digestivo já decompôs e absorveu muitos nutrientes e adicionou bile à mistura, então passamos de uma mistura de arco-íris para um líquido amarelo-esverdeado. Mas a transformação ainda não está completa.
Essa mistura então chega ao intestino grosso, onde os micróbios decompõem a bilirrubina em estercobilina. Esse composto é marrom e é o que dá às fezes sua cor clássica.
O intestino grosso então absorve o excesso de água, e a massa marrom semissólida logo está pronta para ser excretada. Mas é claro que nem sempre acontece assim.
Nossos corpos têm dificuldade em processar certos pigmentos. A beterraba, por exemplo, é rica em betaninas. moléculas grandes e pigmentadas que nossos corpos absorvem apenas cerca de metade do tempo, resultando em resíduos avermelhados.
De fato, consumir qualquer tipo de alimento colorido pode sobrecarregar os processos usuais que degradam e absorvem o pigmento, resultando em fezes de diferentes tons.
Enquanto isso, certos medicamentos que tratam dores de estômago podem conter bismuto, que reage com o enxofre no trato digestivo para formar sulfeto de bismuto, deixando as fezes totalmente pretas.
Nenhum desses cenários de mudança de cor é motivo de preocupação, mas algumas mudanças nas características das fezes podem indicar quando algo não está certo, conforme proposto pela Escala de Fezes de Bristol.
O ideal é que as fezes sejam marrons, semimoles, em formato de salsicha e fáceis de evacuar.
A constipação intestinal pode ser um sinal de desidratação, insuficiência de fibras ou outro distúrbio digestivo.
E a diarreia pode ser esverdeada porque atravessou o trato digestivo muito rápido para que as bactérias transformassem a bilirrubina em estercobilina.
Isso pode ocorrer devido a distúrbios, incluindo intolerâncias alimentares, infecções e doenças inflamatórias.
Cocô amarelo, malcheiroso e flutuante pode significar que o pâncreas não está produzindo todas as enzimas digestivas necessárias para quebrar as gorduras no intestino delgado.
Cocô claro pode ocorrer quando a bile não está entrando no intestino delgado, sugerindo um problema no fígado, na vesícula biliar ou no pâncreas.
E cocô vermelho ou preto pode indicar sangramento interno devido a uma série de anormalidades intestinais.
Considerando como pequenas mudanças na dieta e no estilo de vida podem causar grandes mudanças nos movimentos intestinais, alguns dias de fezes coloridas, constipação ou diarreia geralmente são inofensivos.
Mas vale a pena monitorar a situação caso as coisas não voltem ao normal em uma semana. Nesses casos, é uma boa ideia consultar um médico.
Sangue, desconforto e constipação persistente, diarreia, fezes estreitas ou falta de alívio nas evacuações podem indicar problemas digestivos mais sérios.
Isso inclui bloqueios, inflamações, doenças intestinais e cânceres. Seu intestino só se beneficiará de uma intervenção precoce.
Portanto, não tenha medo de ir ao banheiro, encarar o "boca-larga" e examinar seus excrementos. Não há nada do que se envergonhar, mas há muito a aprender sobre a coreografia colorida que acontece lá dentro.
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