John Henry e o martelo de vapor

Os Estados Unidos, assim como o nosso país, é uma terra rica em lendas trazidas pelos imigrantes e as que nasceram no próprio país, conformando a identidade cultural daquela mistura de nacionalidades. Entre estes últimos figura a história do gigante da linha ferroviária John Henry.

A lenda conta que Henry, um negão de 2x2 nasceu escravo no Missouri lá por 1840, e que depois da guerra civil, já como homem livre, trabalhou na linha ferroviária que unia Chesapeake e Ohio. Ninguém conseguia se comparar a sua destreza, força e velocidade à hora de deitar os trilhos. Diziam que ele podia trabalhar durante 24 horas perfurando pedras com sua marreta e as ponteiras de ferro.

A construção da via avançava em bom ritmo, mas eis que no meio da planície (mais concretamente em Talcott, Virginia Ocidental) os trabalhadores se depararam com um obstáculo: uma grande montanha conhecida como Big Bend Mountain. Os proprietários da empresa ferroviária C&Ou Railroad, decidiram que ficaria muito caro rodear a montanha, motivo pelo qual ordenaram seus trabalhadores que a perfurassem.

Sempre segundo a lenda, aquele trabalho custou a morte de mais de mil trabalhadores nos 3 anos necessários para cavar o túnel nas entranhas do colosso, mas Big John Henry conseguia avançar 3,5 metros por turno de trabalho com a ajuda de seus poderosos músculos e sua marreta de 6 quilos.

Até que um certo dia chegou um vendedor no acampamento oferecendo aos diretores da companhia um dos primeiros martelos mecânicos do mercado. Segundo suas palavras, a produção daquela máquina podia superar à do mais hábil dos homens.

Como era de esperar aquilo provocou a gargalhada geral. Decidiram então fazer uma disputa entre a máquina e o sorridente John Henry. Este último com dois martelos de 10 quilos, um em cada mão, conseguiu perfurar em 35 minutos mais de 4 metros. Enquanto a máquina nem sequer chegou aos 3.

Todos aclamavam o triunfo do homem sobre a máquina. John Henry, exultante, alçou seus braços e de repente os martelos caíram no chão. O esforço causou um AVC no gigante que caiu morto no ato.

Enquanto todos choravam a morte do mito, a ruidosa máquina de vapor prosseguia com seu trabalho alheio ao drama.

Aquele barulho era o som do progresso.