![]() | Um dia, por volta de 850 d.C., um pastor de cabras chamado Kaldi observou que, após mordiscar algumas frutas, suas cabras começaram a se comportar de forma anormal. Ele mesmo experimentou alguns daqueles grãos docinhos maduros e logo estava agindo de forma tão hiperativa e errante quanto seu rebanho. Kaldi levou um lote para um mosteiro, onde seus efeitos estimulantes foram motivo de preocupação. O café, observaram os monges, só podia ser obra do diabo. Este foi o primeiro contato da humanidade com o café, ou assim diz a história. |

Não se sabe exatamente quando as pessoas começaram a consumir café, mas em algum momento antes do século XV, no que hoje é a Etiópia, as pessoas começaram a procurar café selvagem na vegetação rasteira da floresta.
A razão pela qual as plantas de café são ricas em cafeína pode ser porque ela as torna pouco atraentes para herbívoros ou mais atraentes para polinizadores.
Mas, de qualquer forma, as pessoas perceberam as vantagens do café e começaram a fazer chá com suas folhas, combinando suas frutas com manteiga e sal para um lanche nutritivo. Secavam e torravam suas cerejas para fazer um elixir energizante.
O café percorreu rotas comerciais para o Oriente Médio e sua popularidade generalizada começou a crescer a sério na década de 1450.
Ao retornar de uma visita à Etiópia, um líder sufi recomendou que os fiéis no Iêmen usassem café durante cânticos e danças rituais.
Logo, os povos do Império Otomano começaram a torrar e moer os grãos para produzir uma bebida mais escura e encorpada.
Muitos se reuniam em pousadas e do lado de fora de mesquitas para desfrutar dos confortos do café. Mas as autoridades começaram a se preocupar se a influência do café era inocente ou inebriante, e se os muçulmanos deveriam ter permissão para bebê-lo.
De fato, em 1511, um tribunal religioso em Meca levou o café a julgamento. Estudiosos finalmente o consideraram permissível, então cafeterias surgiram em Damasco, Istambul e além, onde a clientela podia saborear café, fumar e desfrutar de uma variedade de entretenimento.
No final do século XVI, os iemenitas cultivavam café e o exportavam do porto de Al-Makha, que ficou conhecido em outras partes do mundo como Mocha.
Mas o café acabou sendo transportado -ou contrabandeado- para a Índia e logo se enraizou em Java e além.
Enquanto isso, o Império Otomano introduziu a substância estimulante na Europa. Os primeiros cafés do centro de Londres foram abertos na década de 1650. Em 1663, já havia mais de 80.
E apesar da tentativa do Rei Carlos II de proibi-los em 1675, os cafés continuaram a se desenvolver como polos sociais e intelectuais.
Em 1679, por exemplo, os frequentadores do café de Garraway tiveram o prazer de assistir Robert Hooke, o cientista que cunhou o termo "célula", dissecar publicamente um boto.
Na França, as pessoas começaram a misturar café com leite e açúcar. E ao longo do século XVIII, os cafés parisienses receberam figuras iluministas como Diderot e Voltaire, que supostamente bebiam 50 xícaras de café por dia.
É verdade que provavelmente eram pequenas porções de um café relativamente fraco, mas ainda assim, impressionante.
Enquanto isso, impérios europeus começaram a lucrar com a cafeicultura, estabelecendo forças de trabalho escravizadas ou exploradas na Ásia, América Latina e Caribe.
Com o crescimento do cultivo na América Latina, impulsionado pela escravidão, os produtores deslocaram populações indígenas e queimaram florestas para estabelecer plantações em constante expansão.
Em 1906, o Brasil exportava mais de 80% do café do mundo. No mesmo ano, a Feira Mundial de Milão apresentou a primeira máquina de café expresso comercial.
E junto com o desenvolvimento de equipamentos industriais de torrefação, surgiram diversas marcas de café.
Em meados da década de 1950, cerca de 60% das fábricas americanas incorporaram intervalos para café.
À medida que os países africanos rompiam laços coloniais, muitos aumentaram a produção de café.
E o consumo de café também se consolidou no Leste Asiático, especialmente como bebidas enlatadas e pré-preparadas.
Nas décadas mais recentes, cafés especiais, com ênfase em grãos de qualidade e métodos de preparo, tornaram-se populares e impulsionaram fazendas na América Central e na África Oriental.
No entanto, trabalhadores do café em todo o mundo continuaram a suportar condições desumanas e remuneração insuficiente.
Isso motivou esforços de certificação para a produção de café que atendesse aos padrões éticos, incluindo salário mínimo e agricultura sustentável. Mas questões ainda pairam sobre o setor.
E, devido às mudanças climáticas, a projeção é de que o "Cinturão do Feijão" equatorial, onde o café prospera, diminuirá nas próximas décadas.
Não está claro exatamente como isso pode se concretizar. Mas cientistas estão investigando possibilidades como híbridos de café resilientes que podem ajudar a enfrentar o futuro imprevisível, tudo para proteger a bebida que se tornou uma parte apreciada dos rituais diários em todo o mundo.
Hoje, o brasileiro médio toma de 2 a 3 doses de café por dia e gasta em torno de 28 reais em cada ida às cafeterias. Nosso país continua também com larga vantagem na produção de café e, apesar do falso apelo propagandístico colombiano, continua fabricando um dos melhores cafés do mundo.
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Comentários
mas o Vietnam está correndo nos nossos calcanhares..... já passou a Colômbia em quantidade, e estão trabalhando na qualidade. São mais espertos que os brasileiros