![]() | Ontem, quando escrevia sobre a "história da tristeza", falei en passant sobre a depressão porque pretendia escrever um artigo sobre o assunto, porque diferente da depressão, a tristeza é passageira. De fato, a depressão é a principal causa de incapacidade no mundo. O Brasil é o país com a maior prevalência desta doença na América Latina, de acordo com o relatório "“Depressão e outros transtornos mentais", da Organização Mundial da Saúde (OMS), com um percentual de mais de 6% da população. |

Ou seja, mais de 12 milhões de brasileiros tem depressão, um montante só superado nas Américas pelos Estados Unidos, onde cerca de 10% dos adultos sofrem de depressão.
Mas, por ser uma doença mental, pode ser muito mais difícil de entender do que, digamos, colesterol alto. Uma grande fonte de confusão é a diferença entre ter depressão e simplesmente se sentir deprimido ou triste. Quase todo mundo se sente deprimido de vez em quando.
Tirar uma nota ruim, perder o emprego, ter uma discussão, até mesmo um dia chuvoso, pode trazer sentimentos de tristeza. Às vezes, não há gatilho algum. Simplesmente surge do nada. Então, as circunstâncias mudam e esses sentimentos de tristeza desaparecem.
A depressão clínica é diferente. É um distúrbio médico e não desaparece só porque você quer. Ela persiste por pelo menos duas semanas consecutivas e interfere significativamente na capacidade de trabalhar, se divertir ou amar.
A depressão pode apresentar diversos sintomas: mau humor, perda de interesse por coisas que normalmente lhe dariam prazer, alterações no apetite, sensação de inutilidade ou culpa excessiva, sono excessivo ou insuficiente, falta de concentração, inquietação ou lentidão, perda de energia ou pensamentos suicidas recorrentes.
Se você apresentar pelo menos cinco desses sintomas, de acordo com as diretrizes psiquiátricas, você se qualifica para um diagnóstico de depressão. E não se trata apenas de sintomas comportamentais.
A depressão tem manifestações físicas dentro do cérebro. Primeiramente, há alterações que podem ser observadas a olho nu e por meio de raio-X. Isso inclui lóbulos frontais e volumes hipocampais menores.
Em uma microescala, a depressão está associada a alguns fatores: a transmissão anormal ou a depleção de certos neurotransmissores, especialmente serotonina, norepinefrina e dopamina, ritmos circadianos alterados ou alterações específicas nas fases REM e de ondas lentas do seu ciclo de sono, e anormalidades hormonais, como altos níveis de cortisol e desregulação dos hormônios tireoidianos.
Mas os neurocientistas ainda não têm um panorama completo do que causa a depressão. Parece ter a ver com uma interação complexa entre genes e ambiente, mas não temos uma ferramenta de diagnóstico que possa prever com precisão onde ou quando ela aparecerá.
E como os sintomas da depressão são intangíveis, é difícil saber quem pode parecer bem, mas na verdade está sofrendo.
De acordo com institutos de saúde mental, uma pessoa que sofre de uma doença mental leva, em média, mais de dez anos para pedir ajuda. Mas existem tratamentos muito eficazes.
Medicamentos e terapia se complementam para estimular os produtos químicos cerebrais.Em casos extremos, a terapia eletroconvulsiva, que é como uma convulsão controlada no cérebro do paciente, também é muito útil.
Outros tratamentos promissores, como a estimulação magnética transcraniana, também estão sendo investigados.
Portanto, se você conhece alguém que luta contra a depressão, incentive-o, gentilmente, a procurar algumas dessas opções.
Você pode até se oferecer para ajudar com tarefas específicas, como procurar terapeutas na área ou fazer uma lista de perguntas para fazer a um médico.
Para alguém com depressão, esses primeiros passos podem parecer intransponíveis. Se a pessoa se sentir culpada ou envergonhada, diga que a depressão é uma condição médica, assim como a asma ou o diabetes.
Não é uma fraqueza ou um traço de personalidade, e a pessoa não deve esperar que ela supere isso, assim como não conseguiria superar um braço quebrado.
Se você nunca teve depressão, evite compará-la a momentos em que se sentiu deprimido. Comparar o que ela está vivenciando com sentimentos normais e temporários de tristeza pode fazer com que ela se sinta culpada por estar passando por dificuldades.
Até mesmo falar abertamente sobre depressão pode ajudar. Por exemplo, pesquisas mostram que perguntar a alguém sobre pensamentos suicidas, na verdade, reduz o risco de suicídio.
Conversas abertas sobre doenças mentais ajudam a erodir o estigma e facilitam o pedido de ajuda. E quanto mais pacientes procurarem tratamento, mais os cientistas aprenderão sobre a depressão e melhores serão os tratamentos.
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