Você delataria os planos de espionagem de seu país?: a pergunta da semana

A notícia e o homem do momento é Edward Snowden, o administrador de sistemas americano e ex-analista da NSA, que denunciou a espionagem realizada pelo governo americano em comunicações e tráfego de informações do mundo inteiro, que mais uma vez coloca em evidência o poderio americano, já que o jovem teve o asilo negado por um par de dezenas de países, Brasil no meio, que temem por uma retaliação do governo americano.

Hoje de manhã Edward reuniu-se no aeroporto internacional de Sheremetyevo em Moscou -onde se encontra desde o passado 25 de junho depois de sair de Hong Kong com a ajuda da Wiki Leaks- com representantes da ONG Anistia Internacional, Human Rights Watch, e Transparency International para discutir seus próximos passos.

O ex analista da NSA assegura que o governo norte-americano está conduzindo uma "campanha ilegítima para negar meu direito de buscar asilo sob o Artigo 14 da Declaração Universal de Direitos Humanos", artigo esse que afirma que em caso de perseguição, todos têm direito a buscar asilo, e desfrutar dele, em qualquer país. Edward recebeu o apoio de diversas personalidades como Richard Stallman e Julian Assange.

A reunião aconteceu em uma sala sem câmeras de vídeo nem acesso à imprensa, e com uns nove representantes de diversas organizações de Direitos Humanos da Rússia entre os quais se encontrava Tanya Lokshina do Human Rights Watch, que assegurou que na reunião Snowden relatou que recebeu ofertas de asilo da Venezuela, Rússia, Bolívia, Nicarágua e Equador.

Depois de agradecê-las, afirmou que aceitava todas as ofertas no presente e no futuro, e que precisa de ajuda para garantir uma viagem segura para A América Latina, afirmando que conquanto solicitará formalmente hoje asilo á Rússia, planeja eventualmente buscar refúgio na América Latina por causa do idioma mais familiar.

Depois da reunião, a Wikileaks publicou um comunicado de Snowden em seu site, no qual afirma que "alguns governos da Europa Ocidental e América do Norte demonstraram sua disposição a agir fora da lei, e este comportamento persiste até hoje. Estas ameaças ilegítimas tornam impossível que eu viaje para a América Latina e desfrute do asilo que me outorgaram de acordo a nossos direitos fundamentais".

Mas o que teria levado Edward a vazar dados secretos do governo que revelam detalhes do projeto de monitoramento global, denominado PRISM? Por que um jovem que se alistou como recruta das Forças Especiais, visando lutar na guerra do Iraque, porque "senti que tinha a obrigação como um ser humano de ajudar a libertar as pessoas da opressão", de repente trai o seu país? Por que o profissional promissor que tinha um salário de 20 mil reais por mês, uma bela namorada e uma vida boa e confortável no Havaí, decidiu largar tudo para ser um dos homens mais visados e buscados criminalmente dos EUA? Tonto ou libertário?

Ele diz que sua ação vai ajudar os americanos, que agora têm o poder de decidir por eles mesmos se estão dispostos a ceder sua privacidade a um estado de vigilância constante:

- "A verdade está sendo revelada e nada poderá detê-la", disse ao The Guardian. - "Mas infelizmente, os meios de comunicação parecem agora muito mais interessados na minha namorada ou no que eu disse quando tinha 17 anos do que com o maior programa de espionagem da história da humanidade", concluiu.

Agora tente imaginar a boa vida de Edward Snowden, ou melhor, se coloque no lugar dele, e diga sinceramente: Você denunciaria o governo de seu país se soubesse que ele é responsável por programas extensivos de vigilância das comunicações telefônicas e da web? Diga nos porquê nos comentários?

Fonte: BuzzFeed.