Adele Dourada

O retrato Adele Bloch-Bauer I, do austriaco Gustav Klimt, converteu-se no quadro com o preço mais alto da história da arte, depois de ser vendido por 135 milhões de dólares.

O quadro, conhecido como a Adele de ouro e que até três meses era uma das obras mestras da Galeria Belvedere de Viena, foi adquirido pelo magnata americano da cosmética Ronald S. Lauder para expô-lo no Neue Galerie, museu nova-iorquino de sua propriedade especializado em arte Austríaca. O quadro que tinha atingido o maior preço até agora era o Garçon à pipe (Jovem com cachimbo), de Pablo Picasso, pelo qual foi pago 104 milhões de dólares num leilão público em 2004 na famosa casa de leilões Sotheby's.
Adele Bloch-Bauer I, Adele Bloch-Bauer II, e outras três paisagens foram objeto desde 1999 de uma disputa legal entre Altmann e o Governo austríaco. Altmann é sobrinha de Ferdinand Bloch-Bauer, rico colecionador judeu de arte cuja esposa Adele, modelo dos retratos em disputa, pediu-lhe que depois de sua morte que as obras fossem doadas à Belvedere. No entanto, Bloch-Bauer decidiu legar os quadros a seus sobrinhos, mas todos seus bens foram confiscados pelos nazistas depois da anexação da Áustria pela Alemanha em março de 1938. A Vienense Altmann fugiu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para os EUA, e em março passado recuperou a posse dos quadros quando então cedeu-os para exposição temporária ao Museu de Arte do Condado de Los Angeles. Os quadros de Adele e as três paisagens tinham um valor conjunto, segundo diversos especialistas, de 135 milhões de dólares, preço que agora atingiu só o primeiro deles. A perda do retrato de Adele Bloch-Bauer foi uma autêntica tragédia tanto para a galeria Belvedere como para os cidadãos de Viena, que formaram longas filas para despedir-se deles quando se inteiraram da decisão do tribunal que dirimiu o pleito entre o governo de Áustria e a herdeira da modelo.
Gustav Klimt (1862-1918) nasceu em Viena em uma família humilde. Filho de um gravador, foi o segundo de sete irmãos, e junto a um deles, Ernst e a um colega da Escola de Artes e Ofícios (na que ingressou aos 14 anos de idade) funda a Companhia de Artistas, que obteve prêmios e renome por seus trabalhos de pinturas decorativas de edifícios arquitetônicos: O Museu de História da Arte, a Universidade de Viena, palácios privados...
Em 1903 viajou a Rávena (Itália) para visitar os mosaicos de San Vitale, que lhe impactam enormemente e viriam a ser decisivos para sua pintura.
Teve uma enorme influência sobre artistas contemporâneos como Kokoschka e Schiele, mas como escreveu Whitford (1941), em seu livro Klimt (1990), "nenhuma escola o seguiu". Não tinha ninguém como ele antes e não teve ninguém como ele depois. Seu efeito no curso da pintura do século XX é insignificante, apesar de que a transição do antigo ao moderno pode ver-se mais claramente em sua obra, bem como a intenção com que foi concebida, que na de nenhum outro artista importante.

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